sexta-feira, janeiro 16, 2009
o Bem e o Mal
Pareceu-me escutar no último discurso de Bush qualquer coisa no género de "Como sabem, o Bem e o Mal eram palavras que apareciam com frequência nas minhas declarações. Porque entre o Bem e o Mal não pode haver qualquer tipo de compromisso."

Pergunto-me se a última frase desta declaração é uma manifestação do Bem ou do Mal.

timshel
posted by @ 6:06 da manhã  
3 Comments:
  • At 19 de janeiro de 2009 às 11:10, Blogger Nuno Fonseca said…

    Já não é moda gozar com esse, pá.
    Além do mais, there's no way to top that shoe-throwing, my man.

     
  • At 19 de janeiro de 2009 às 12:48, Blogger Pedro Leal said…

    timshel

    Essa última frase é genuinamente bíblica (João 3:20, Romanos 12:9 e I Pedro 3:11) - logo tem tudo para ser uma manifestação do Bem.
    Aliás, sendo este o último dia de presidência de George W. Bush, confesso que começo já a ter saudades de encontrar expressões e conceitos bíblicos nas palavras, e na motivação, do Presidente da super-potência mundial. Ou me engano muito, ou nos próximos quatro anos a pobreza, nesta área, vai ser muito grande…

     
  • At 19 de janeiro de 2009 às 13:36, Blogger Vítor Mácula said…

    Olá, timshel

    Penso que a frase toca em pontos fundamentais da discussão ética, mesmo que o contexto em que foi proferida seja outro jogo.

    1. Implicação mútua: a definição de um dos termos constitui a contra-definição de outro.
    2. Anterioridade do bem: não há noção de doença sem a prévia noção de saúde, ou de injustiça sem a prévia de justiça.
    3. O bem e o mal não são substantivos mas adjectivos, e adjectivam-se ambos ao mesmo: o ser de algo. Cristologicamente o bem tem que ver com o amor imitativo da criação: doação irrestrita ao ser de outrem. Trata-se de eu querer que o outro seja e se seja maximamente (isto é, em Deus;)
    4. O bem e o mal são possibilidades ontológicas; no sentido moral, são possibilidades comportamentais. Mas a ideia de que há comportamentos ou pessoas que personifiquem o bem ou o mal puros e absolutos, e que não pode haver compromisso e mutualidade entre ambas – serve o mal LOL Serve a bode-expiação pessoal em que o sentido do “não-compromisso” é precisamente a anulação de diferença ontológica, e no limite: a aniquilação do outro.
    5. Bem, hoje não estou nos meus dias discursivos, mas vem-me agora a famosa frase: Mais vale ter as mãos sujas do que não ter mãos ;) E o “mais vale” é para ser entendido no sentido ético-religioso: só o “fariseu” tem as mãos limpas, evidentemente. Aqui mostra-se o problema no seu fundo maior, e para o qual não tenho agora palavras nem ideias. Vou mas é almoçar LOL

    Um abraço

    PS: reconduzir-me do mal em que estou ou em que se está, para o bem donde se partiu (em itálico, este último trecho ;) perigosíssimo de ilusão e cegueira o pensar-se que posso fazer zapping no processo. “Tudo concorre para o bem dos que amam a Deus”, e acrescentou o imenso Aurélio Agostinho: etiam peccata, mesmo os pecados. O resto é alienação de si e da realidade (que é uma das inúmeras condições dos nossos males).

     
Enviar um comentário
<< Home
 
 
Um blogue de protestantes e católicos.
Já escrito
Arquivos
Links
© 2006 your copyright here