sexta-feira, maio 30, 2008
Faz isso e viverás!
O Cristianismo, na essência, não é uma religião, penso eu.
Cristo, não foi um profeta inspirado por um deus, Cristo é uma Pessoa, exemplar, que ao revelar Deus, Se revela a Si mesmo.

No fundo, o Cristianismo não é, nem uma crença, nem um culto, é fundamentalmente uma experiência de Paixão e Amor revelado.
Nesse sentido, para o cristão, Cristo é, absoluta e verdadeiramente, a Vida.
cbs

posted by @ 7:07 da tarde  
16 Comments:
  • At 30 de maio de 2008 às 22:12, Blogger maria said…

    cbs,

    eu acho que Cristo é mais que exemplar.

    Diz o CATIC no seu artigo 430 - Em hebraico Jesus quer dizer "Deus salva".

    O que quer dizer que ao dar-lhe esse nome, atribui-lhe também uma função/missão.

    A proposta de Cristo, não é apenas para lhe seguirmos o exemplo, mas para aderirmos à sua missão.

    É isso que significa o baptismo para o cristão.

    Não sei se me fiz entender. O exemplo eu considero uma coisa mais exterior. A adesão de coração (vida) é mais abrangente.

    É o que chamamos de comunhão. Com Ele e Nele. Todos os que o assim quiserem

     
  • At 31 de maio de 2008 às 00:45, Blogger cbs said…

    Mc
    Sim, concordo, Ele convida-nos à comunhão Nele, e isso é diferente do ser um exemplo.
    Mas por outro lado - uma coisa não briga com a outra - Ele também quer ser modelo de referência, aos cristãos de todos os tempos e lugares.
    É Ele quem o diz várias vezes: «dei-vos o exemplo para que, como eu fiz, façais vós também» (Jo 13,15).
    O essencial desse exemplo, penso que está na Cruz, isto é, mostra-nos que entregar a vida, em vez de nos levar ao aniquilamento, leva-nos à Vida.

     
  • At 31 de maio de 2008 às 20:18, Blogger Nuno Fonseca said…

    Os católicos do Trento - e não só - devem aprender com o CBS.

    Não só denominar o cristianismo como religião é redutor como antitético à mensagem de Jesus Cristo, que veio acabar com a própria religiosidade dos homens, a quem adjectivava de hipócritas.

    Nem é o cristianismo uma cultura, nem um estilo de vida, nem uma ideologia, nem uma política, nem uma instituição.

    O cristianismo é o próprio Jesus Cristo, que disse 'Eu sou o Caminho, a Verdade, e a Vida'.

    Paz.

     
  • At 31 de maio de 2008 às 23:08, Blogger Hadassah said…

    Precisamente. Não chega "imitar" Jesus, tê-lo como um exemplo...tal como a MC diz. É preciso deixar que o seu espírito habite em nós, para sermos igreja "viva", o sal da terra e a luz do mundo. Sem o espírito d'Ele dentro de nós, não brilhamos, somos apagados e "bolorentos"...vivemos de memórias, somos apenas religiosos.

     
  • At 1 de junho de 2008 às 01:10, Blogger cbs said…

    Nuno, irmao, aprender sim, mas nao comigo. Com Ele. Como referiste, é só ler e meditar no que Ele disse. Escrevi isto porque, é algo que - a par com um crescendo de Fé - cada vez mais, se me vai evidenciando: o Cristianismo é a Vida (há quem fale em Arquivida)

    Hadassah, irmã , na verdade, nem vejo como posso imitá-lo, sem deixar que Ele me possua - algo que pura e simplesmente, ainda nao fui capaz.
    Mas nota, que desde sempre Ele esteve presente em nós, por natureza pertencemos a Deus.
    Só uma história trágica pôde desfazer essa pertença da nossa carne à Vida. E essa história - negá-Lo e afastarmo-nos Dele - que se repete incessantemente, dia após dia, das nossas pequenas vidas, é aquilo que chamamos o Pecado Original. Foi esse salto na Apostasia, que destruiu a nossa natureza original, que alienou a nossa carne do Verbo da Vida. E só a vinda desse Verbo numa carne semelhante a nossa - a Encarnação - possibilitou o restabelecimento da nossa natureza nativa.
    Pelo menos, é o que penso.

    Mas desde sempre Ele esteve em nós, o Verbo nunca se ausentou da Sua Criação. Fomos (e somos) nós Parece-me a mim…

    boa noite a todos

     
  • At 2 de junho de 2008 às 00:00, Blogger Hadassah said…

    "Mas desde sempre Ele esteve em nós, o Verbo nunca se ausentou da Sua Criação."

    CBS, não concordo totalmente com esta afirmação. Achava mais apropriado dizer-se que nunca "abandonou" em vez de dizer-se nunca de "ausentou".

    O pecado separou o Homem de Deus e o Espírito Santo, que procede de Deus, vendo que o homem se tornou carnal, não habitou mais nele ( Gênesis 6:3), portanto ausentou-se.

    O vazio espiritual que acompanha o homem desde então deriva disto.

    Contudo, o mesmo Espírito está disponível para habitar o Homem, desde que Ele o queira receber e fazer a vontade de Deus e voltar ao seu propósito inicial.

     
  • At 2 de junho de 2008 às 11:55, Blogger cbs said…

    Hadassah
    Percebo o que dizes.
    E repito o que disse, humildemente, pois posso estar tremendamente enganado.
    A carne é originada no Verbo, e é nesse sentido que aplico a frase "nunca se ausentou". O Homem, filho de Deus, pecou e afastou-se do Verbo, sua origem.
    A carne peca porque se idolatra a si própria e nega o Pai seu criador. Mas não deixa de ser parte da Criação. Nada existe fora da Criação.
    Só isso possibilita a redenção, por vontade do Verbo ao encarnar em Cristo.
    Tal como o primeiro Adão, ao pecar condenou todos ao afastamento, o segundo Adão (Cristo) ao encarnar justifica todos, permitindo a salvação, entendida como o regresso à natureza original.

    É complicado, posso estar enganado. Merece mais postas ;)
    Abraço

     
  • At 2 de junho de 2008 às 12:35, Blogger Vítor Mácula said…

    Ó caro cbs, retórica; toda a religião, no seu pretenso anelo efectivo à totalidade pretende ser a revelação da Vida, excusez-moi la tautologia ;)

    “Nesse sentido, para o cristão, Cristo é, absoluta e verdadeiramente, a Vida.”

    Pode-se substituir “cristão, Cristo” por “hindu, Krishna”, “budista, Buda” etc; não vejo a distinção a-religiosa do cristianismo.

    Religioso é uma actividade humana que, entre muitos outros motivos e motores, se constitui como relação prática com a totalidade, e em termos vitais – com a morte.

    O que o cristianismo eclesial faz e vive, tenho muita pena para o orgulho cristão (incluindo o do Barth, e do Ratzinger que lhe gamou esta adaptando-a à ambiguidade romana para estas questões;) – é religião.

    É evidente que para mim Cristo é a revelação da Vida, é a sua verdade total – mas isso não faz do cristianismo uma não religião. O que não significa que não há cristãos a-religiosos (sem ritos, celebrações mistéricas, etc) tal como há noutras religiosidades.

    Com isto, de modo nenhum estou a dizer que todas as religiões se equivalem. Nem pouco mais ou menos. Passa-se que dizer que o cristianismo não é uma religião (isto é, como possibilidade ou resolução pessoal de alguém, visto que em termos gerais ele é praticado religiosamente, mais que o budismo até, que não tem obrigações rituais semanais como os católicos, por exemplo) põe o problema: Qual a relação do cristianismo com a religiosidade? A resposta já clássica de que ele é a superação da religiosidade visto ser a sua completude, a resposta adequada ao problema da religião (e da morte) é pedanteria: todas as religiões pretendem tal. E depois: O cristianismo exclui a religião (à Mário de Oliveira;)? Regula esta a partir de fora (o que pretende toda a religiosidade; a religião é a relação do humano com o absoluto, e não a definição deste, que sim, a regula)?

    etc etc etc LOL




    Abraço, pá

     
  • At 2 de junho de 2008 às 14:31, Blogger zazie said…

    Esta é uma velha ideia de Imitatio Christo à Thomas Kempis. Depois deu na deturpação com a ligação directa e também sabemos o que daí pode advir.
    Como dizia aqui há tempos o Tim, felizmente que são poucos os católicos que acham que já chegaram a Deus- que já conseguiram ter algo de “mais” que qualquer comum mortal.

     
  • At 2 de junho de 2008 às 15:56, Blogger cbs said…

    "A resposta (...) de que ele é a superação da religiosidade visto ser a sua completude (...) é pedanteria: todas as religiões pretendem tal"

    Meu caro Vitor, tive o cuidado de dizer "para um cristão".
    E tive o cuidado de distinguir a vivência cristã da definição "intelectual":
    The Dictionary of Philosophy and Religion defines religion in the following way: an institution with a recognized body of communicants who gather together regularly for worship, and accept a set of doctrines offering some means of relating the individual to what is taken to be the ultimate nature of reality.

    Dito isto, e esclarecida a coisa, quero refutar essa da “pedanteria” - e nota que, tal como também escrevi, confesso-me a anos luz da Verdade; O Cristianismo opõe-se ao intelectualismo, como a Vida se opõe à mundaneidade. A auto-revelação da Vida, em Cristo, se a interiorizarmos, não em palavras que vestem ideias, mas na experiência que é Amor de Deus, torna-se vida activa, diferente da dos cultos e doutrinas, prescindindo de muita roupagem, resolvendo muita perplexidade.
    Os cultos e doutrinas não servem grande coisa, se não for a Vida que o seu suporte. Aqui reside a diferença entre a "religião fechada" totémica e a "religião aberta" amorosa, de que fala Bergson em “Les Deux Sources”, penso eu de que :)
    Jesus aparece-nos como um homem, mas é na Verdadeira Vida que É Cristo, o Primeiro Vivente.
    Esta essência divinal directa, pessoal, que nos incita a viver Nele, e não a rodear a verdade com gestos e palavras, nunca a encontrei em mais lado nenhum.

    Foi só isto que quis dizer e é nisto que acredito, sem menosprezo pela fé de cada qual.
    Podes sempre colocar-te de fora e ver todos por igual, mas mesmo aí desafio-te a encontrar um Deus que veio ter contigo em carne e osso. E que sentis-te até ao amago da tua alma, como manifestas no post de cima.
    Posso enganar-me, claro... o que nem me interessa. Eu vou por aqui!
    ;)

    Abraço em Cristo

     
  • At 2 de junho de 2008 às 17:21, Blogger Vítor Mácula said…

    Não, o que eu digo é que não posso ver o cristianismo de fora, et pour cause; e não percebo muito bem essa do “ver todas por igual” visto que eu acho-as diferentes e incompatíveis entre si (incompatíveis no mesmo sujeito, quero eu dizer). Agora isso não significa que não encontre bem, verdade e beleza nas outras religiões e irreligiões.

    Faço também notar que nem todas as religiões não-cristãs são totémicas e fechadas; para além do facto de haver religiões totémicas abertas.

    Meu caro, então, um deus que veio ter com os humanos em carne e osso: Krishna. No Baghavad Gitá tens a noção do deus absoluto incarnando na terra (como possibilidade contínua do absoluto, isto é, aberto a repetições e renovações, pré-incluindo assim a própria incarnação cristã). Mas isto não é uma competição, carago ;) Quero dizer, eu não a vejo nem vivo como tal.

    Eu não posso sentir no âmago da minha alma uma religião ou irreligião a que não aderi. Posso estudá-la e conviver com pessoas que a ela aderiram. Posso também aferir das suas inverdades e verdades, mas com a lentidão e cuidado que estas coisas exigem (não apenas as religiões mas as teses filosóficas, os momentos históricos, um qualquer humano à minha frente etc; os julgamentos céleres e sumários costumam dar mais azo ao diabo que a Deus).

    Que eu me queira todo entregue ao Deus de e em Jesus Cristo, é a via que me invadiu, pois claro e escuro LOL

    abraço em Cristo, mano

     
  • At 3 de junho de 2008 às 00:36, Blogger cbs said…

    Este comentário foi removido pelo autor.

     
  • At 3 de junho de 2008 às 00:37, Blogger cbs said…

    "Meu caro, então, um deus que veio ter com os humanos em carne e osso: Krishna"

    Eu não disse um deus, disse um Deus, meu caro, que encarnou (não re-encarnou pela enésima vez)numa carne como a tua, sem castas, para te abraçar como irmão. Não falou em circulos eternos, falou de Vida Eterna, nem veio guerrear, veio ensinar-nos a amar.

    Eu disse "ver todas por igual" porque, de facto, só falo assim na suposição de que és cristão.
    Fosses hindu e diria o mesmo, mas de uma forma eventualmente mais polida.
    Se quiseres podemos discutir se o Hinduísmo é ou não politeista; se a Trindade cristã é paralela à de Brahma, Vishnu e Shiva; se Jesus será um avatar mais ou menos completo que Krishna de Vishnu, etc.

    Mas isto não é uma competição, carago
    abraço, e até amanha, que tou cheio de sono ;)

     
  • At 3 de junho de 2008 às 00:37, Blogger cbs said…

    Este comentário foi removido pelo autor.

     
  • At 3 de junho de 2008 às 12:41, Blogger cbs said…

    Caro Vítor
    Começo por pedir desculpa por ontem ter reagido de uma forma um bocado folgada, lol, era o sono…
    Vamos lá, então…

    a) “…isso não significa que não encontre bem, verdade e beleza nas outras religiões…”; ó Vítor de acordo, de acordo. Mas por alguma razão és cristão e não hindu. Eu já cheguei à conclusão, que sendo como sou, seria sempre religioso. Tivesse nascido na Índia e seria Hindu ou Jainista, tivesse sido na Arábia e seria um devoto muçulmano.
    Mas daquilo que sei (e é pouco, lá isso é…) vejo o Hinduísmo mais como uma complexa mitologia religiosa, não muito diferente das religiões clássicas, que nos seus panteões também tinham deuses brigando com humanos; e não como uma religião de regresso ao Absoluto - no sentido original “re-ligare” – como as do Livro, e dentro delas, vejo o Cristianismo como algo mais elevado, que se confunde já com a Vida, no seu aspecto mais transcendental;
    O meu caminho fi-lo assim, primeiro a Filosofia, que acaba por se resolver na religião; no fim filosofia e religião confundem-se bastante (na minha cabeça, claro); mas com o Cristianismo (a síntese suprema, filosófico-religiosa) evoluimos para uma vivência que acaba por aspirar à Vida, na sua acepção mais transcendente, como disse; nesse ponto, filosofia e religião, com-fundem-se numa vivência original que já não é nenhuma delas.
    Admito que isso se passe nas outras religiões, mas não creio que da mesma forma. O Amor de Deus, moverá as outras religiões, como nos move Cristo? Lembro-me de Krishna que morre em batalha, enquanto Jesus morre numa cruz, perdoando…

    b) “…nem todas as religiões não-cristãs são totémicas e fechadas; para além do facto de haver religiões totémicas abertas”
    Aquilo que refiro, é exactamente a visão bergsoniana de moral e religião fechada, por oposição a moral e religião aberta. As primeiras instituem-se naturalmente resolvendo problemas sociais mas restringindo a iniciativa individual (foi a essas que chamei totémicas); as segundas são produto de uma emoção designada por mística que transforma a sociedade e se liga à vida de uma forma muito mais dinâmica; são essas as religiões que digo abertas e supra-intelectuais (inclui obviamente o Hinduísmo).
    É Bergson, tenho os mesmos tiques, não invento nada.

    Vítor
    Também acho que isto não é uma competição. Também acho que não estamos aqui para classificar vidas ou pensamentos ou crenças. Humildemente e “com a lentidão e cuidado que estas coisas exigem” – o que não quer dizer que muitas vezes não se esquematizem essas mesmas coisas – estou aqui a falar com amigos e a tentar aprender com eles.

    Um abraço filosóficamente cristiano

    PS: ontem meti tres vezes o mesmo poste, vê lá a soneira :)

     
  • At 4 de junho de 2008 às 19:27, Blogger Vítor Mácula said…

    Duas breves notas:

    1) O cristianismo eclesial e histórico também não me parece assim tão diferente das religiões clássicas, sobretudo o ortodoxo e o católico;

    2) Bergson não era sequer baptizado; é natural que pouco tenha a ver com o cristianismo religioso (instituição).

    E eu também estou na palheta mutuamente edificante e ensinante ;)

    Abraço em Cristo com um piscar de olhos ao Sócrates, então. E vê lá se dormes, pá :)

     
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