domingo, fevereiro 10, 2008
Algumas considerações muito breves.
Tiago deixo para amanhã as elaborações sobre os sacramentos. Mas para já, dois pontos rápidos em resposta aos teus:

1. Não ouvirás de nenhum católico dizer que o sacramento da Eucaristia foi instituído e descoberto por S. Tomás de Aquino. Claro que ele lhe deu uma roupagem teológica indelével na igreja ocidental, mas que é uma novidade basicamente fenomenológica e não ontológica, ou seja, descrevendo o processo da consagração em detalhe mas não acrescentado grande coisa sobre a natureza desse sacramento. E para não irmos aos Padres da Igreja (nos quais para começar estou longe de ser especialista e depois são sujeitos às mais variadas interpretações) ou aos costumes da igreja primitiva (na qual a celebração da Ceia do Senhor vem inclusivamente descrita na Bíblia por S. Paulo) uma prova cabal de que isto antecede em muito S. Tomás de Aquino é a manutenção da Eucaristia (com outro nome) como sacramento na igreja do Oriente, que sofreu pouca ou nenhuma influência escolástica, mas que preservou o depósito de fé na sua essência de Cristo verdadeiramente encarnado.

2. Nunca me ouviste dizer que Deus forçava as bocas dos participantes. A participação é obviamente opcional. O que eu disse é que o sacramento não ficaria sem fruto apesar de todas as insuficiências pessoais e nisto não faço mais do que interpretar as Escrituras: "Assim como a chuva e a neve descem do céu e não voltam para lá, senão depois de empapar a terra, de a fecundar e fazer germinar, para que dê semente ao semeador, e pão ao que come, o mesmo sucede com a Palavra que sai da minha boca; não volta sem ter produzido o seu fruto, sem ter executado a Minha vontade e cumprido a Sua missão' (Is 55,10-11)." Assumindo que Cristo é a verdadeira Palavra, e a Eucaristia verdadeiro Cristo, esta consequência parece-me bíblica.

Luís
posted by @ 12:48 da manhã  
3 Comments:
  • At 10 de fevereiro de 2008 às 17:33, Blogger cbs said…

    acho graça, quando a minha filha tenta ler um bocadito do Trento e me diz; pai, não se percee nada do que vocês dizem!

    Mas de facto, com um pouco de atenção, porque vocês se empenham, vai-se percebendo... lol
    e tou a gostar... tanto que ainda acabo a ir a missas em duplicado, católicas e evangélicas (será pecado por alguma perspectica?)

     
  • At 11 de fevereiro de 2008 às 00:23, Blogger Pedro Leal said…

    “Eucaristia o verdadeiro Cristo?
    “Fazei isto em memória de mim” (I Coríntios 11). Se alguém está presente fisicamente é preciso apelar à memória?

     
  • At 11 de fevereiro de 2008 às 01:03, Blogger Hadassah said…

    Os "sacramentos", rituais ou aquilo que queiram chamar são necessários para fazer a passagem de herança cultural, para que a história não caia no esquecimento. A Sua força é nula sem a presença do Espírito Santo, do Deus Vivo, dentro das nossas vidas.

    Jesus deixou-nos o Espírito Santo, o consolador, para habitar dentro de nós literalmente, para não chorarmos mais.

    O verdadeiro sentido da sua passagem na terra foi a Sua Vitória sobre a morte! Para nos tornar victoriosos com Ele! Livres das amarras do mal e do pecado!

    O sofrimento d' Ele e a Sua agonia foram tomados em nosso lugar, deu-nos essa Graça (esse favor imerecido)...portanto imagino que Jesus se alegra muito que tomemos partido da sua Vitória. É a melhor forma de lhe mostrarmos a nossa gratidão. Se ficarmos só pela lamentação da Sua morte, anulamos a nossa Vitória sobre o Mal.

    Isto é só um aparte, não estou a por em causa nada do que tem sido escrito.

     
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