E ao contrário do que o josé parece desejar, não tenho qualquer aspiração inconfessada de uma conversão à Santa Madre Igreja por parte do nosso eminente pastor. Porque no seu caso, como provavelmente no caso da personagem referida no post (que eu já conhecia) seria sinal de um temperamento ainda marcado pela cisão, pelo corte por vaidades pessoais (por melhor fundamentadas que fossem, como eram e continuam a ser nos "reformadores" da praxe) que caracterizou a Reforma.
Não é que eu critique quem do meio evangélico abraça o catecismo da Santa Igreja. Intelectual e espiritualmente sinto-o e sempre o senti como um efectivo ganho face ao protestantismo. Do que tenho dúvidas é que seja de católicos de nome que se tenha falta neste mundo. Ou mesmo de católicos teologicamente convictos, intelectualmente preparados.
Muito mais necessário nos dias de hoje, muito mais profundamente católico, muito mais profundamente cristão que a adesão nominal ao catecismo é aquele sentido de compromisso e fidelidade de que fala o Tiago. É não ter ilusões sobre a nossa natureza e sobre a natureza de qualquer comunidade de homens e mulheres, não ter ilusões sobre operações de cosmética e "libertações do institucional". Nós caímos sempre e necessariamente no institucional. A "libertação" é apenas momentânea e o único resultado duradouro é a mudança das chefias (e isto apliquem às igrejas ou ao casamento que é a mesma coisa). A fidelidade à instituição significa sobretudo um amadurecer da experiência humana, para lá dos entusiasmos infantis iniciais, significa lidar com as pessoas que já nos começam a entediar porque já as julgamos apreendidas pela nossa penetrante perspicácia. É que embora dessas pessoas nos possamos livrar e mudar a paisagem, há sempre alguém que corre o risco de permanecer eternamente entediante e imóvel. Nós para nós mesmos. E se não aprendermos a olhar para lá da pretensa familariedade, para o mistério que constitui cada ser humano (e é difícil, bem difícil) muito mais dificilmente o faremos connosco mesmos, correndo o risco de permanecermos sempre os mesmos embora escolhamos uma paisagem em constante mutação à nossa volta.
Tenho muitas dúvidas que os ganhos ecuménicos alguma vez passem por conversões de um lado para outro. São experiências pessoais, muitas vezes altamente intelectualizadas, ou baseadas numa comunidade mais ou menos alegre que encontraram, uma pessoa mais ou menos "espiritual". Mas na fidelidade aposto, na verdadeira fidelidade, às pessoas e às instituições, às pessoas que vivem e às que viveram (diria um católico, daí a importância da Tradição). E tenho como convicção que essa fidelidade dará fruto, muito mais fruto que qualquer outra coisa.
O ecumenismo tem que ter uma perspectiva necessariamente escatológica. Jesus garantiu-nos que seríamos uma única Igreja nos últimos dias, mas ainda falta. Até lá, tenho a convicção que é vivendo em fidelidade e em verdade que nos aproximaremos desses dias. Enquanto eles não vêm, leio o Tiago com prazer.
Luís Sá |
Fidelidade à igreja é fundamental? Certo. Não se percebe é bem para quem...