sexta-feira, setembro 14, 2007
(Estava eu numa de low profile, tentando fade into de wallpaper bloguiano, quando me chamam de novo para aqui.)

Os milhões que o comunismo matou na antiga União Soviética (mais do que as câmaras de Hitler), e os milhões que passaram pelos Glavenoe Uporavlenie Lagerei (GULAG)- não podemos branquear - mas são feitos dos mesmos ideais mortíferos das cruzadas e das lutas protestantes pós-reforma: Massificação, uniformização, domínio
. Quanto mais instucionalizada é uma convicção, mais perigos corre de fazer mal.

Nunca votaria na CDU para governar Portugal. Porque as suas crenças absolutas trariam a falta de liberdade (os absolutos são normalmente totalitários). Só Jesus pegou em absolutos e os transformou em algo absolutmente livre e libertador.

No entanto muito dos discursos dos profetas dos Antigo Testamento têm no seu ventre a luta por um mundo (aqui na terra) justo e equitativo. Mas a grande diferença entre o comunismo e o cristianismo é que no comunismo todos têm que ser pobres, é um aparelho estatal que deve distribuir a riqueza, a justiça vem de cima para baixo e não há esperança para o além.

No cristianismo todos são chamados a ter o pão de cada dia, e a distribuirem entre si o que têm. A justiça é partilhada e distribuída horizontalmente, não há capatazes (grande câncro do sistema sovietico) somos todos realmente irmãos. A pobreza não é condição suficiente (como na teologia da libertação) para a salvação. A riqueza não é em si um pecado, mas cada um - e não um sistema - é responsável pelo bem estar do outro.

O comunismo é sistema, o cristianismo é humano. No comunismo a responsabilidade é diluída e entregue a uma entidade sobrehumana, no cristianismo a responsabilidade é individual: eu sou responsável pelo bem estar do meu irmão, do meu vizinho, do estranjeiro.

Não podemos demonizar pessoas que muitas vezes são das poucas que realmente lutam e dão voz aos mais pobres. E não podemos pensar que o nosso cristianismo é sem falha ou culpa, porque de facto cada um de nós cuida do seu quintal e esquece-se a responsabilidade por todo a criação. Quando os cristãos não agem de acordo com o mandato cultural que recebemos de Deus: cuidar da criação, outros - não em nome de Jesus, mas em nome da dignidade humana - tomam a tarefa nas suas mãos. Nós gostaríamos de pedir fogo do céu para os consumir, Jesus disse: Deixem-nos estar! Pelos vistos se estão a cuidar dos mais pobres não são contra Jesus...
A Beguina
posted by @ 10:10 da tarde  
38 Comments:
  • At 14 de setembro de 2007 às 23:47, Blogger zazie said…

    ó Beguina, isso é tudo muito bonito e diz para aí muita coisa acertada salvo uns meros detalhes:

    1- Ninguém diabolizou pessoas- mostrou-se apenas o diabólico a que levou o comunismo.

    2- Comunistas a lutarem pela vida do próximo é uma cantiga muito bonita para quem nunca conheceu o comunismo e o aparelho comunista em acção.

    O velho comunismo sempre se alimentou da desgraça alheia. Nunca o aparelho comunista defenderia individualmente alguém ou contribuiria para o "safar na vida".

    Por uma simples razão que eles sempre souberam explicar. O comunismo deriva da luta de classes e só se chega a ele pela revolta do proletariado, derrubando a classe opressora.

    Ninguém ajuda os que estão na mó de baixo a ficarem sem problemas porque assim não havia revolta.

    O comunismo sempre se alimentou do colectivo. Se para a causa é preciso revolta e mártires, o colectivo sobrepõe-se ao individual. Os fins nunca olham a meios.

    Fora isto, o que hoje existe nem é nada. È comunismo envergonhado à prpcura do poder, escondendo o programa da revolução e a socieade sem classes.

    Por si, enquanto ideologia, nada de proveitoso oferece. Excepto, se optarmos por fingir que é assim e que os comunistas são pessoas feitas de uma matéria diferente, como dizia o Estaline.

    Essa matéria, até pode ser a famosíssima superioridade moral. E aqui passa-se já a bola ao nosso Tim.
    A superioridade moral é precisamente aquilo que a Beguina diz que não se deve fazer indiviualmente com nenhuma pessoa comunista (e eu concordo consigo) diabolizar o outro. Diabolizar quem não usa essa falsa utopia e não diz que luta pelos pobres, ainda que, na prática, até possa é contribuir para os fazer ainda mais pobres.

    Dar a mão ao próximo sim, e essa sim, é mensagem cristã. Sem precisar de superioridades morais, sem planos de benefícios pelos actos, nem sacrifícios por ideal futuro.

     
  • At 14 de setembro de 2007 às 23:57, Blogger zazie said…

    O erro teórico é sempre o mesmo e o Tim também o encasquetou e não há nada a fazer.

    Confunde-se a sensibilidade individual, as boas intenções, a preocupação com os mais desfavorecidos com um programa político- o comunismo (ou a esquerda).

    Como se fosse obrigatória essa ligação entre bondade humana e um programa político que nada tem, na prática, de bom, nas suas consequências- mesmo nas menos perigosas- o programa está provado que não leva a nada de bom.

    Agora querer confundir isto e, ainda por cima, dar atribuir essa particularidade de ajuda e boas vontades e "dar a voz" (para depois eles a usarem para si próprios) a um programa que de um mundo sem capitalismo, quando é com capitalismo e numa sociedade capitalista que eles o querem implementar. só pode dar asneira e da grande.

    Porque os comunistas actuais até já nem dizem que querem derrubar o capitalismo, ainda que essa seja a matriz e a força motora da dita ajuda, do dito "dar a voz".

     
  • At 15 de setembro de 2007 às 00:03, Blogger zazie said…

    O erro é opor-se a isto um maniqueísmo de cariz contrário. Então, todo o que não se invoca destas boas vontades e anti-capitalismos, é um egoísta que se está nas tintas para o próximo e cuja única ideia é usar-se deles para ficar mais rico e poderoso.

    Pois é um facto que isto acontece, e acontece porque o ser humano não é boa rês. E o egoísmo com ajuda de costas quentes dá sempre nisso.

    Resta é que também aqui não se pode cair em esquematismos fáceis e diabolizar os outros.

    Pode-se isso, sim, calcular e teorizar sobre formas de gerir melhor uma socieadade. E pouco mais, em termos de grandes teorias.

     
  • At 15 de setembro de 2007 às 00:41, Blogger mulheres_estejam_caladas said…

    nem sei como parece que estou a defender o comunismo. não estou. mas como a zazie diz nada é preto e branco. há vários tons de cinzento...

     
  • At 15 de setembro de 2007 às 00:55, Blogger zazie said…

    Eu não achei que estivesse. Bem pelo contrário. A primeira parte do poste está excelente e concordo consigo praticamente em tudo.

    Se reparar eu apenas anotei duas questões em que considero haver erro.

    Falei foi demais e ficou tudo confuso.

    Mas era apenas a questão que para se ser boa pessoa não se precisa de ser comunista.

    2- O comunismo não ajuda o próximo porque precisa de revoltados e é a eles que dá voz.

    Há uma palavra que resume tudo e que é bordão de esquerda:

    a maldita da caridadezinha. Como eles lhe chamam, com tom acintoso. Quem ajuda pobre é rico hipócrita que gosta de manter os pobres, pobrezinhos, através dessa hipocrisia (outra palavra comuna) a caridadezinha.

    Agora se me perguntar se isto evita que também haja o oposto- a defesa do egoísmo de forma cínica- claro que não. A questão é que não existe a tal tradução destas boas ou má vontades, a papel químico em boas e más ideologias. De risco ao meio. Com os bons congénitos por serem pelos pobres e os maus congénitos apenas por não serem de esquerda.

    Não existe diabolização de cariz contrário porque a utopia moderna, de facto, é mesmo de esquerda.

     
  • At 15 de setembro de 2007 às 00:58, Blogger zazie said…

    E disse muito bem: há vários tons de cinzento.

    Como se pode fazer mal julgando que se está a fazer o bem.

    Mas tudo isto nunca deve ser fulanizado e aí é que a Beguina fez muito bem em colocar a tónica.

     
  • At 15 de setembro de 2007 às 06:48, Blogger timshel said…

    zazie

    dizes

    "Como se fosse obrigatória essa ligação entre bondade humana e um programa político"

    a bondade traduz-se em comportamentos individuais

    o homem é um animal sofisticado cujos comportamentos individuais visam muitas vezes um modo de vida em comunidade

    esse modo de vida em comunidade supõe regras que são a tradução de um projecto político

    porque razão os comportamentos políticos hão-de ser neutros relativamente à bondade quando a política é a moral aplicada às regras que regem uma comunidade?

    porque razão quando alguém vota ou milita por políticas redistributivas não está a ser bondoso?

    a bondade pode também ter tradução nas políticas que se defendem

     
  • At 15 de setembro de 2007 às 06:49, Blogger timshel said…

    "O comunismo não ajuda o próximo porque precisa de revoltados e é a eles que dá voz"

    porque é que ajudar o próximo é incompatível com dar a voz aos revoltados?

     
  • At 15 de setembro de 2007 às 10:33, Blogger zazie said…

    Tim:

    1- "a bondade traduz-se em comportamentos individuais

    o homem é um animal sofisticado cujos comportamentos individuais visam muitas vezes um modo de vida em comunidade

    esse modo de vida em comunidade supõe regras que são a tradução de um projecto político


    Precisamente. O comportamente individual não tem de ser cópia nem obrigatório paralelo com o projecto político.

    Ninguém é formado, como indivíduo, apenas por ideologias que adopta mais tarde. O sustentáculo do carácter é sempre dominante e as ideológias não são a única fantasia espiritual que enformam a cabeça de quem quer seja.

    Dizer o contrário, como tu dizes, ou seja, que a ideologia é produto do comportoamento humano, é dar corpo humano a uma fantasia do intelecto e fazer dela uma pessoa.

    2- Voltas a insistir no paralelo entre a bondade de quem vota por políticas redistributivas e a bondade de uam ideologia que proclama a igualdade social.

    Primeiro: quem vota, vota por mil e uam razões emotivas em que esse aspecto não é o único.

    Segundo: entre votar e ser militante de um partido ha´uma enorme diferença~

    Terceiro, entre ser militante e ser a ideologia e a finalidade que essa mesma ideologia pretende e os resultados que dela vieram, ainda mais.

    Quarto- È aqui que entra a confusão entre uma ideologia que se ocupa do tema dos "proletários" para que estes derrubem os capitalistas e a tua inferência que a ideologia pretende ajudar os mais fracos.

    Como toda a gente sabe, o comunismo nunca foi uma ideologia de caridade em que cada um devia ter o seu lugar na sociedade. Sempre foi uma ideologia de revolta e revolução que implica um choque entre esse suposto grupo (que nem existe, hoje em dia, nessa forma esquemática) e esta é que era a finalidade máxima.

    Nunca se propôs igualdade social a bem. Não existe um único exemplo histórico disso. Daí a barbárie. Daí os milhares e milhares de mortos.

    O que tu dizes e também está implícito no que diz a Beguina é outra questão.

    O que vs. querem dizer é que as pessoas que, seja lá por que motivo for, se ocupam dos mais necessitados fazem caridade. Tendem para ser caridosos. Em termos meramente pessoais. E sem que isso possa ser aferido ou ter correspondência com a tal ideologia. Farão alguns, nas margens dela. Porque nunca existiu nenhum líder comunista que desse em samaritano.

    Sendo que, no que poderão fazer, não foi por decalque teórico do partido, da ideologia, da teoria, da prática comunista, mas por eles mesmos. Da mesmíssima forma que o fazem os que trabalham em organizações religiosas e, também por tradição, sempre foram membros da "Casa do Gaiato" ou dos irmãozinho do que quer que seja.
    E nesses é que pergunto onde estão os comunistas. Não estão e agora pergunto-vos porquê.

    Porque motivo não existem comunistas a fazer caridade católica ou cristã?

    Porque motivo até existe absoluta incompatibilidade entre estas duas tradições?

    Porque motivo se considera que os segundos são de direita, quando também se diz que é essa direita que representa o capitalismo inimigo dos desfavorecidos?

    E

     
  • At 15 de setembro de 2007 às 10:38, Blogger zazie said…

    Meu caro. Nisto há lugar para tudo e até há lugar para coisas mais hediondas como o pôr a render a desgraça alheia em "rambos de amis".

    Há de tudo. Mas existe uma diferença sim, no modo como se pode olhar para ideologias e seres humanos.

    E digo-o em poucas palavras. É a tradição de esquerda, a do colectivo, a das grandes causas fora de tempo, a da utopia fora do tempo, que é capaz do que sempre me pareceu o mais ignóbil:

    Olhar do alto para tudo, fazer uma argamassa do individual e dar-lhe o nome de uma fantasia teórica.


    Sacrificar o presente pelo futuro, sacrificar esta ou aquela pessoa, se o seu problema não se integrar no colectivo ou não ajudar a essa marcha. Não olhar a meios para atingir os fins. Porque os fins apontam para uma perfeição que mais ninguém se atreve a prometer na terra.

    Por saber que não são possíveis.

     
  • At 15 de setembro de 2007 às 10:50, Blogger zazie said…

    Resumindo e respondendo à última questão (que já tinha explicado antes)

    "porque é que ajudar o próximo é incompatível com dar a voz aos revoltados? "


    Ajudar o próximo não é dar voz. Dar voz até dá a tv em programas popularuchos. Dar voz até a dá a blogosfera a muita coisa. Dar voz não é, nos nossos dias, essa ideia esquemática de uns desgraçados proletários analfabetos e sem poder na sociedade, e o resto- os capitalistas que os exploram.

    A fantasia do "ajudar e dar voz" vem daí. E foi verdade que com ela até deram alento a muito desgraçado no passado, sendo que o resultado mais não era que acréscimo de engano e Catarinas Eufémias como mártires necessárias para a hagiografia da utopia.

    O que o conunismo nunca poderá fazer é ajudar para anular a luta de classes. Porque sem luta de classes não há utopia, não há destruição do sistema. Há mais uma "colaboração" com o sistema. Como eles dizem.

    Poderia pegar em mil e um exemplos práticos. Mas deixo o dos Sindicatos. Só dão voz a causas que contribuam para a política do seu partido.

    Se a voz até é demasiado individual, bem que se pode ser vítima da maior tragédia que eles, se for, preciso, são os primeiros a lançar o desgraçado às feras. Ou deixar cair.

    Tudo no comunismo é contabilizado em números. Em quantidades. Não é um individuo que faz a História, tem de ser o colectivo.

    Só a magote é que existe humano na ideologia comunista.

    Ora ninguém faz caridade ou dá ajuda a pessoas feitas número.

     
  • At 15 de setembro de 2007 às 11:00, Anonymous Anónimo said…

    Procuro-te, Tiago Galvão (autor do blog Diário).
    Assunto de importância quase extrema para o bem e para o mal deste país.
    Contacta-me para o email ricardomicosta@hotmail.com

     
  • At 15 de setembro de 2007 às 11:03, Blogger zazie said…

    Claro que, pelo meio, também existe muita fantasia napoleónica. Como se expressa neste apelo ao Tiago Galvão

    ahahhahahahahaha

     
  • At 15 de setembro de 2007 às 11:41, Blogger zazie said…

    E vou fechar citando o início do post que não diz nada que não se saiba mas diz uma verdade que parece que continua a não se querer entender:

    Os milhões que o comunismo matou na antiga União Soviética (mais do que as câmaras de Hitler), e os milhões que passaram pelos Glavenoe Uporavlenie Lagerei (GULAG)


    Porquê? não foi a dar voz aos pobres que isto sucedeu? Não é consequência natural da própria teoria?

    Foi azar ao lado? A teoria é caritativa? Passou a ser, para não nos lembrarmos disto?

     
  • At 15 de setembro de 2007 às 11:58, Blogger zazie said…

    Nota:

    Já sei que me vais dizer que existem "experiências de política de igualdade social" que não provocaram essa barbárie.

    Pois, mas nem todos podem aguentar por muito tempo fantasias de igualdade a petróleo. Quando não há barbárie há maior miséria.

    E mesmo na miséria comunista nunca houve igualdade social. A "voz dos pobrezinhos" cala-se sempre em 3 tempos.

     
  • At 16 de setembro de 2007 às 11:05, Blogger timshel said…

    zazie

    penso que tens razão em quase tudo o que dizes

    o comunismo enquanto sistema totalitário e colectivista, na linha marxista, enferma dos erros que lhe apontas

    todavia, penso que o cristianismo é compatível (ou mesmo, supõe necessáriamente enquanto opção política) com o igualitarismo, isto é, a realização de políticas que tendam para a máxima redistribuição de recursos, no respeito dos mecanismos democráticos e das liberdades e dos direitos humanos

    e existem casos muito próximos desse modelo: os países nórdicos e a Venezuela de Chavez por exemplo

    o problema do anti-comunismo é que ele é muitas vezes simplesmente anti-igualitarismo

     
  • At 16 de setembro de 2007 às 12:19, Blogger zazie said…

    ó rapaz, lá vens tu com a tua k7. Encasquetaste o redistributivo e pronto, até pareces um croupier de casino, a dar as fichas

    ":O)))

    O post falava de comunismo e de comunistas caridosos que o cristianismo devia aceitar.

    E eu limitei-me a dizer que se a senhora do telemóvel, com toque do hino do Avante, faz trabalho social, não foi por o Partido ter alguma ideologia samaritana.

     
  • At 16 de setembro de 2007 às 12:21, Blogger zazie said…

    Agora esse revisionismo que até já mete no mesmo saco países nórdicos, com governos de partidos de direita, a par do socialismo a petróleo do Chávez é que me mata

    aahahahah

     
  • At 16 de setembro de 2007 às 12:21, Blogger zazie said…

    Na volta há alguma verdade nisso, quem pode faz: têm todos petróleo debaixo da terra

    ":O))))

     
  • At 16 de setembro de 2007 às 12:23, Blogger zazie said…

    Mas tens a nossa terrinha e esta maioria de esquerda para testares o bom do socialismo redistributivo.

    ":OP

    Isto de se viver de palavras e agit prop é lixado...

     
  • At 16 de setembro de 2007 às 12:56, Blogger timshel said…

    zazie

    tenho um critério muito simples

    um governo que consiga diminuir as desigualdades sociais (medidas por exemplo pelo índice de Gini) é um governo de esquerda

    um governo cujos resultados (por acção ou omissão) se traduzam num aumento das desigualdades sociais(medidas por exemplo pelo índice de Gini) é um governo de direita

    e não me venhas com a história do socialismo a petróleo:

    se é verdade que casa onde não haja pão todos ralham e ninguém tem razão (e correspondentemente casa onde haja pão o governo terá tendência a ter maiorias confortáveis) também é verdade que pouco ou muito é pouco relevante para que se verifique o nível das desigualdades

     
  • At 16 de setembro de 2007 às 13:39, Blogger zazie said…

    ó rapaz,

    tu devias escrever um tratado de Esquerda a petróleo para acompanhar a tintol.
    Ias ver como vendia.

    Eu nem vou responder mais a essas tretas que nem abrindo-te a cabeça ao meio eras capaz de entender que nada disso tem a ver com ideologias.

    E este debate foi mesmo acerca da ligação entre ideologia de esquerda(comunismo e caridade cristã).


    Eu repito- a caridade cristã é individual; a "caridade comunista" é plano quinquenal.


    Podem desembarcar católicos caritativos na ideologia comunista, do mesmo modo que podem lá desembocar todos os malucos mais egotistas.

    Agora o que eu nunca vi foi comunista a emparelhar com "facista" caritativo em agreminação de caridade católica.

    E o resultado do PIB não se altera por nada disto.

    Tu és um moço muito inteligente mas ainda mais casmurro que eu. Encasquetaste essa bondade de esquerda e preferes mudar-lhe quem lá entra a largar-lhe o nome

    ":O)))

    Hás-de ser sempre um esquerdalho encapuchado e a verdade é que ficas muito giro assim.

    aahhahaha

     
  • At 16 de setembro de 2007 às 13:42, Blogger zazie said…

    Se tivesse tempo fazia era um post acerca de ideologias.

    As ideologias, por inerência são mentiras. São fantasias manipuladoras. Não são teorias. E só se faz política económica com teoria, não com ideologia.

    As ideologias são da ordem da semântica. Nunca podem ser aferidas porque vivem nesse limbo do imaginário não realizado.

     
  • At 16 de setembro de 2007 às 13:58, Blogger zazie said…

    o problema do anti-comunismo é que ele é muitas vezes simplesmente anti-igualitarismo

    No sentido em que a utopia de igualitarismo num mundo capitalista é impossível. E fazem muito bem. Porque essa treta do igualitarismo parece uma intenção muito bonita mas, na volta, nem é nada.

    Nem se percebe em que é que todos podiamos ser iguais a todos, em tudo. Quando nascemos diferentes e grande parte do que se faz, quando não é sorte ou azar, também é da responsabilidade de cada um e,mesmo assim, ainda sobra muito para o aleatório e para as reviravoltas da vida.

    O mais que existe é trafulhice e sustento de incompetentes e aí são todos iguais.

    O grande igualitarismo social que até existe é mesmo esse.

    O que tu não consegues largar é a suposta bondade do comunismo que agora resiste numa outra fantasia: o contrário dos que se opõe ao comunismo por não quererem igualitarismo.

    A coisa é um tanto surrealista porque bastava perguntar-te qual foi o regime político ou a idologia que teve como base o anti-igualitarismo utopico.

    Nem precisam. Não existe a história das socieades anti-ideológias. Existem é distopias na prática.

    E todas as utopias foram igualitárias. A questão é apenas esta. Ut- topos- fora do tempo; fora de da História, fora de um lugar concreto- existência desejável traçada a pela Razão; proposta anti-natural com finalidade de criar, artificialmente, um paraíso terreno.

     
  • At 16 de setembro de 2007 às 14:08, Blogger zazie said…

    Este comentário foi removido pelo autor.

     
  • At 16 de setembro de 2007 às 14:11, Blogger zazie said…

    Conclusão:


    O teu igualitarismo redistributivo é anti-igualitário.

    E só quando parte desta pemissa é que ainda pode ser feito alguma política redistributiva que não dê um tiro no pé e tenha alguma viabilidade prática.

    O teu "igualitarismo redistributivo" com resultados práticos, para além de não ser iualitário, também não é ideológico.

    O único que parte da premissa igualitária e nem tem resultados práticos passíveis de aferição- é o comunismo a petróleo do teu último guru de Esquerda.

     
  • At 16 de setembro de 2007 às 16:23, Blogger timshel said…

    porque é que o igualitarismo redistributivo é anti-igualitário?

     
  • At 16 de setembro de 2007 às 16:47, Blogger zazie said…

    Pensei que se percebi, rapaz:

    O único viável, que até pode ter esse exemplo dos países nórdicos, não deriva de nenhuma utopia igualitária. É produto de muita coisa histórica e acontece numa socieade capitalista e competitiva, onde a igualdade social não é nenhuma meta.~

    Nem por lá é preciso fazer a demagogia da utopia de esquerda para se ganhar eleições, ainda com base nessa patranha.

    Por cá faz-se e na volta o resultado é o que se vê. Há 33 anos que andamos em utopia de esquerda e isto está cada vez mais na mesma. Com a única grande igualdade nos profissionais da patranha, institucionalizados nos partidos e viverem da máfia.

    Justiça, meu caro, justiça, aquilo com que tu tanto embirras, justiça e servidores públicos que não vivam de palavras, isso é que era preciso.

    Bastava cumprir-se a lei para metade dos problemas desaparecerem.

    Mas prefere-se as palavras. Enquanto os restos das patranhas utópicas ainda renderem não há política alguma que funcione.

     
  • At 16 de setembro de 2007 às 21:35, Blogger timshel said…

    zazie

    tu é que falas em utopias igualitárias

    eu falo em políticas que tencialmente visem o igualitarismo através da redistribuição de recursos; e é precisamente isso que fazem os países nórdico

    parece-me que tu é que vives imersa em fantasias e universos ideológicos

    e esquerda não é nada disso

    é um simples conceito moral

    quanto às tuas teorias sobre a simples necessidade de bons executores de leis, sem dúvida que isso é uma condição sine qua non

    mas convém lembrar que os carrascos nazis eram também excelentes executores de leis, honestos servidores públicos e da justiça e das leis em vigor, pessoas extremamente competentes e rigorosas no cumprimento da lei...

     
  • At 16 de setembro de 2007 às 22:10, Blogger zazie said…

    ó Tim,

    Agora já estás a descarrilar. Olha-me lá, o Chavez é utópico e aquela utopia é comunista, é marxista, vem daí. Não vem de nenhuma história vicking com selecção brutal e emigração idêntica, e capitalismo moderno instaurado em boa hora.

    Eu não tenho manias nenhumas de ver utopias onde não estão. Tu sabes muito bem que tu é que fazes uma revisão histórica, de recuo, conservando a ideologia ou o que ainda é possível conservar dela, agarrando nessa igualdade moral que, mais não é, que marxismo encapuchado. ahaha

    E explico-te porquê. Porque tu falas de ideologias políticas em termos abstractos, em termos fora da História e dos países.

    Não existe nenhuma política acima da História de um país. Nem se pode retirar toda a tradição do passado, toda a tradição política que explicam dado contexto.

    Não vale a pena dizer-se que é política destributiva porque política destributiva existe, em todo o lado onde exista Estado e se invista a colecta pública, carago!

    todos os estados fazem distribuição e nem é da forma como a fazem num dado presente que tu podes aferir as consequências práticas dessa distribuição. Só a longo prazo.

    Por isso, o que tu dizes tanto pode valer para fraude como para nada. Depende de tudo o resto. Hoje em dia, com a globalização. ainda mais. Qualquer política interna está condicionada.

    Mais, saber-se quem é quem e a história dos intervinientes políticos ainda é mais importante. Um PS português não é o mesmo que um PS Espanhol ou Francês e assim por diante.

    Tudo tem um sentido e razão de ser. Se queres falar de Portugal, força. Mas, para falares de Portugal, não podes vir com esse teu esquema redutor de chamar política de esquerda, a boa, a santa, toda aquela que prometa política redistributiva.

    Não há quem o não diga. E nem dizem assim, falam em impostos e outras tretas e não há quem não ande a redistribuir à moda da esquerda há tanto tempo. Com os resultados que se vêem.

    O que tu tens são grupos políticos (dizer assim até parece mal- tens máfias, mas adiante)que têm gente (não muda assim como mudam as palavras) e tens partidos, que também não mudam assim como mudam as palavras.

    Só pegando nisto tudo é que podes ter uma aproximação ao efeito que daqui resulta.
    Porque se achas que basta estar de orelha atenta a ver quem diz mais vezes "políticas redistributivas" bem podes esperar sentado- não se nota a diferença.

    E é por isso que ninguém vive de partidos em termos abstractos a dizerem palavras mas de partidos com cor e ideologia da qual se espera, por reflexo de tradição, um comportamento mais ou menos padronizado.

    Sendo que nada disto serve para muito, porque o que é estrutural é igual e isso é que está errado e nisso é que não há mudança.

    Essa história de dizeres que a justiça é condição sine qu non é de rir.

    Porque não pode haver justiça em parte alguma onde as regras do jogos sejam mafiosas e incontroláveis. E mudar isto não se muda com ofertas de "políticas redistributivas".

    Quanto à moral é mais uma palavra que até pode não dizer nada. Aquele partido da "periquita" também apareceu para mudar a moral. E moral é uma grande treta que qualquer um pode reivindicar.

    Até já há moral do neoliberalismo baseado nas regras amorais do mercado, por isso bem podes limpar as mãos à parede.
    A hipocrisia até costuma andar aliada à proclamação da virtude.

     
  • At 16 de setembro de 2007 às 22:14, Blogger zazie said…

    Este debate do Arrastão, Blasfémias e Maradona foi mesmo uma boa caricatura com que bem podias aprender qualquer coisa no que toca a fantasias.

    E dos 3 até te digo, o que a tem maior e bem proletária, até o maradona- é assim, as fezadas do "desenvolvimento económico" por causa dos pobrezinhos podem ter os actores e as políticas e ideologias mais dísparas e disparatadas.

    Sendo que entre o que fantasiam e julgam ter tradução prática não há qualquer ligação.

    O Sócrates tanto é heroi do maradona como do Daniel Oliveira e só não será de um João Miranda apenas porque, por outra fantasia, está convencido que é muito diferente das suas.

     
  • At 16 de setembro de 2007 às 22:24, Blogger zazie said…

    Mas tinha-me esquecido dessa boutade.
    " a esquerda é um conceito moral"
    ahahahahahahaha
    Acho que a vou postar sem comentários.

    Não leves a mal, meu bacano, mas eu vendo a alma ao diabo por uma boa piada.
    Não é todos os dias que se encontra um frase destas

    ahahahahahahaha

     
  • At 16 de setembro de 2007 às 23:03, Blogger zazie said…

    Este comentário foi removido pelo autor.

     
  • At 16 de setembro de 2007 às 23:04, Blogger zazie said…

    Quanto à diferença entre o profissionalismo dos executantes nazis, vítimas do défice do simples conceito moral de esquerda, e o dos bons profissionais de esquerda com o conceito, a resposta lê-se em nºs e estão no início do post.

     
  • At 17 de setembro de 2007 às 01:07, Blogger mulheres_estejam_caladas said…

    Este comentário foi removido pelo autor.

     
  • At 17 de setembro de 2007 às 01:08, Blogger mulheres_estejam_caladas said…

    Concordo com muito, do muito que foi dito.
    E uma coisa que quero salientar é que o cristianismo tornou a palavra "caridade" em algo arrepiante. Uma palavra que deveria ser boa ganhou laivos de sobranceria e arrogância. É feita de cima para baixo, dos que têm e podem para os desgraçados q nada têm e nada podem e isso em vez de gratidão faz nascer revolta.

    Palavras como piedade e caridade foram desventradas do seu significado por um cristianismo snob e elitista.
    Ms a caridade deveria existir não porque sou melhor e bondoso, mas porque somos iguais e a tua dor é sentida por mim como teu irmão.

    Só um povo tão massacrado como era o da velha Russia se podia entregar de braços tão abertos a uma ideologia como o comunismo. Até ao sec. XIX eram escravos!
    "Só se quer a vida cheia quem teve a vida parada, só se pode querer tudo quando não se teve nada!"

    E porque a igreja foi muitas vezes conivente com regimes (literalmente)anti-cristãos que sobjugavam e escravisavam as gentes também em nome de Deus, as pessoas mataram Deus e revoltaram-se. Se este Deus só cuida dos poderosos, então não o quero. Se este Deus é o Deus do privilégio, então não o quero.

    O colectivo comunista - e concordo com esta clarificação da alma comunista - veio substituir a irmandade cristã. As pessoas precisam de comunhão e partilha. Mas um grupo que se faz de cima para baixo não é uma família, uma aldeia, um povo. De cima para baixo somos elementos sem rosto, anónimos que valem no todo e não sobrevivem per si.

    de cima para baixo quer a caridadedezinha cristã, quer a massificação e a perda da identidade no suposto igualitário: "camarada", só trazem injustiça.
    Beguina

     
  • At 17 de setembro de 2007 às 10:07, Blogger zazie said…

    Este comentário foi removido pelo autor.

     
  • At 17 de setembro de 2007 às 10:15, Blogger zazie said…

    ó Beguina: os cavaleiros da Távola Redonda também tinham trato igual entre si.

    Se o mundo se limitasse a seitas era assim. Tudo com trato igual entre si.

    Só não percebi de onde vem a desigualdade social. Pelo que escreveu parece que na romanização havia hipótese até para os chineses e depois Roma do Vaticano é que alterou as relações sociais do mundo...

    ehehehe

    V.s a puxarem a brasa à sardinha têm muita piada.
    O problema é a pedra no sapato.

     
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