quinta-feira, setembro 13, 2007 |
Até os comunistas... |
E se de repente no final de uma reunião do Conselho da Comunidade (reunião dos responsáveis da igreja) se ouvir a música do Avante Camarada, o que será?
Este post da Beguina levanta questões interessantes. Pessoalmente, custa-me muito perceber, não percebo mesmo, como um cristão pode ser comunista. As boas intenções, as promessas, o esquema perfeito traçado em teoria, não chegam para lavar as mãos de tantas experiências falhadas. Como se pode apoiar uma ideologia que, invariavelmente, quando foi concretizada, perseguiu e matou milhões de irmãos na fé e conduziu os povos à miséria? Não percebo. Aliás, o mesmo se passa com os cristãos que, na Alemanha nazi, apoiaram o nacional-socialismo de Hitler. Mas a verdade é que, como aponta a Beguína, Cristo transcende, e muito, a ideologia. Mesmo que não compreenda, e para além de considerações sobre o grau de fé e outras condicionantes, a evidência impõe-se: a fé cristã não tem espartilhos. Nem ideológicos, nem eclesiásticos, nem filosóficos, nem nada. Mais ainda. Pelo que vou conhecendo, Cristo trabalha na pluralidade. Ou seja, o Espírito Santo pode guiar dois cristãos a caminhos diversos no cumprimento da mesma vontade de Deus. (Atenção. Isto não tem a ver com relativismo ou liberalismo teológico. A ideia é que cada um é responsável perante Deus pela medida de fé e entendimento que lhe é dada. E só sendo fiel a esse dom pode cumprir a vontade divina).
Pedro Leal |
posted by @ 11:13 da tarde |
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13 Comments: |
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o que é que entendes por comunista?
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E não te custa a perceber como um cristão pode ser neo-liberal?
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muito sinceramente só encontro uma explicação. Nem são comunistas, nem devem pensar na história do comunismo, há-de ser por tradição.
Mas é absolutamente impossível conciliar o comunismo com o cristianismo. E o PCP com a Igreja Católica. A menos que seja tudo revisto e inventem uma fantasia qualquer a meias.
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De qualquer forma, para se ir à festarola nem é preciso muito.
O que me espantaria era achar-se igualmente normal um católico ou cristão num concerto de neo-nazis ou qualquer outro de extrema-esquerda. E a diferença intrínseca nem existe. É o mesmo.
(anda lá pelo Dragoscópio um neo-nazi que é um case study. É anti-imperialista, anti-colonialista e a dar para o leninista. Para além do racismo que justifica precisamente nos mesmos termos que a tradição anti-nacionalista de esquerda, ainda que se diga um nacionalista puro e um democrata.).
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Mas o texto é muito perigoso. O que o texto faz é separar o espiritual do compromisso dos actos e aí sim, é que qualquer bom ideal pactua ou legitima tudo.
Aqui é que está o grande perigo. Precisamente o mesmo que a Inquisição e os seus actos, mantendo a separação da boa doutrina.
Porque o que o texto faz é dizer que qualquer crença espiritual não é contagiada pelos actos e ideologias a que a mesma pessoa adere. No caso até admite isso possa ser vivido. Já nem se trata de um passado negro que o próprio não viveu e que acha que acabou. O autor vai ao ponto de conciliar o cristianismo com práticas de barbárie.
Pois o que eu defendo é precisamente o contrário. Até pode dar-se o caso de inventarem as maiores fantasias e aderir-se a elas. Não há qualquer problema e as fantasias são isso mesmo, fantasias. Cada um tem o napoleão mental que merece. É mais ou menos isto. Agora passar aos actos, assitir a eles e dizer que não viu, não sabe, não lhe importa porque a fantasia serve de escudo invisível, o tanas.
Aí está mais outra poltranice
":O))
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correcção:
O autor é o bacano do Pedro Leal. Não sei como, vi um nome estrangeiro na publicação do post e pensei que fosse um escritor que não conheço
":O))))
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" avante camarada, avante camarada, junta a tua á nossa voz " Seria um bom hino lema para a proxima direcção da CBP
Mas sim umcristão misturar tao intensamente a sua fé com ideologias estremada , de extrema esquerda ou de extrema direita, é sempre mau para a sua vida espiritual
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Se querem saber, esta questão entra mesmo naquilo que me leva a querer manter sempre um bom pé fora das crenças- o autismo.
Não há nada mais estranho que aquele fechamento ao mundo, em que só se prestam contas a Deus.
Podem valer todas.
Diria que é aí que reside o problema de todo e qualquer excesso espiritual. Se for ideologia prestam contas apenas ao Comité Central ou, se for preciso, à teoria e aos fins a que se destinam.
Se for religião- prestam contas ainda a algo mais fora do mundo- a Deus. E Quando se chega a esse ponto, não há nada de permeio que os abane.
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É por isso que não é conveniente juntar ideologia e religião na mesma pessoa. A menos que tenha outra pancada mais virada para os sentidos que ajude a manter os pés na terra.
O futebol, por exemplo
ahahahaha
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E é também pelo mesmo motivo que até não faz gradne mal que se tenha religião oposta à ideologia. Equilibra o barco.
Por isso é que um comuna ateu ainda é mais perigoso. Porque o ateísmo está mais de acordo com todos os males do comunismo.
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zazie
A fé cristã é individual mas é para ser vivida em comunidade: a igreja. Isso previne muitas formas de autismo.
Pedro Leal
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Eu acho que deve ser para ser vivida em socieade. A diferença é esta.
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o que é que entendes por comunista?