quinta-feira, fevereiro 05, 2009
II. A laicização da cultura cristã
Na história do cristianismo, após a sua assunção como religião imperial, por mais de quatro séculos, entre o XI e o XV, foi intensa a polémica na Europa Medieval, entre os teólogos e pensadores que defendiam a proeminência do Papado, e os que se posicionavam a favor da dominação dos povos pelo Império.
Só já nos estertores da Idade Média, Marcílio de Pádua (séc. XIV), sob a influência do averroísmo latino – distinguindo claramente a razão da fé – legitimou a separação dos poderes temporal e espiritual. Na obra Defensor Pacis (1324) fez uma critica radical à ambição da Igreja, de querer ser poder temporal apresentando uma bem elaborada doutrina do estado secular. A base da argumentação sintetiza-se na passagem do evangelho de Mateus: Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus (Mt 22,21)

A Igreja Católica actual coloca-se ao lado de Marcílio, e ratifica a divisão entre a Igreja e o Estado: "O Império Cristão tentou transformar a fé em factor político. A fraqueza da fé, a fraqueza terrena de Jesus, devia ser substituída pelo poder político e militar. Ao longo dos séculos, esta tentação apresentou-se de formas diferentes, e a fé sempre correu o risco de ser sufocada pelo abraço do poder. A fusão entre fé e poder político tem sempre um preço" (Bento XVI, Jesus de Nazaré, 2007)
cbs - à Mc
posted by @ 10:07 da tarde  
12 Comments:
  • At 6 de fevereiro de 2009 às 17:44, Blogger maria said…

    Olá, Cbs.

    Obrigada pela dedicação. Podes continuar, estou a seguir atentamente. :)

     
  • At 7 de fevereiro de 2009 às 10:57, Blogger Pedro Leal said…

    cbs

    "A fé sempre correu o risco de ser sufocada pelo abraço do poder" e "a fusão entre fé e poder político tem sempre um preço".Sim, bem visto. E... (espectativa tipo "já deram com problema, agora o que vão fazer?") E... nada. Fica tudo como está. De livre vontade não cedem um mílimetro, só quando são obrigados.

     
  • At 7 de fevereiro de 2009 às 16:50, Blogger cbs said…

    meu amigo Pedro :)

    assim como a fé e a razão, apesar de estarem ligadas, são matérias distintas, também não confundo religião com politica. A ideia de Marcilio era essa mesmo, separar o espirito da temporalidade, creio eu.

    E acrescento que também acredito que foi graças à unidade organica e à transmissão da tradição de geração e geração que a Igreja católica sobreviveu até hoje; apesar dos efeitos nefastos que houve, creio que foi a Tradição o factor que permitiu resisitr às várias crises que se atravessaram ao caminho de Roma. Acho que estamos bem assim, se bem que considere essencial o Vaticano II e tenha alguns receios de regressos passadistas.
    Mas... tá-se bem mano, lol

     
  • At 7 de fevereiro de 2009 às 16:59, Blogger cbs said…

    Mc
    venho aqui confessar que tinhas razão; não era aceitável incorporar um bispo negacionista sem ele se retratar publicamente.

    Lamento, ter sido preciso ler mais uns jornais (o VpV no Púbico, etc) e ver o Vaticano emendar a mão, para dar valor à opinião da Mc.
    Humildemente peço, desculpa...

    Quando vejo atacar o Papa, com o que considero pouca caridade (não me refiro a ti, especificamente, mas ao barulho geral) fico um bocado estreito de espirito, ao que parece. Mas com o correr das coisas a cabeça trabalha mais um bocadito ;)

    abraço

     
  • At 7 de fevereiro de 2009 às 23:26, Blogger maria said…

    CBS,

    nunca me peças desculpa de nada. Temos alguns pontos de vista diferentes em relação à Igreja, vivência da fé, mas isso não carece que nenhum peça desculpas. No meu blogue, toscamente, tentei explicar que o que nos divide vem mais profundo - a não aceitação do outro. Depois arranjamos mil e uma formas de colocarmos distâncias, muros, barreiras.

    Toda esta confusão me está a passar ao lado. Correndo o risco de ser mal interpretada... mas o grave não são as opiniões tolas de um demente. É sim, a atitude da Santa Sé. A fraternidade de S. Pio X é um bando de extremistas onde não se consegue ver nada de cristão. Com esta "reabilitação" é como se as suas posições fossem validadas.

    Que Igreja quer o Papa? é a única pergunta que gostava de lhe fazer se podesse.

    Abraço

     
  • At 8 de fevereiro de 2009 às 00:13, Blogger maria said…

    pudesse, claro :)

     
  • At 8 de fevereiro de 2009 às 00:20, Blogger maria said…

    estive a ler excertos de uma entrevista do responsável da comunicação da Santa Sé. Que tolice pegada. Parece um comunicado do nosso governo, a meter as mãos pelos pés :)

    E eu continuo na minha, o mal menor são as declarações tolas do bispo.

    E tenho mais uma pergunta que me mói: que forças ocultas na Igreja manobraram para criar esta situação. Não vale agora vir fazer de ingénuo, que é o que o tal responsável pretende.

     
  • At 8 de fevereiro de 2009 às 00:27, Blogger cbs said…

    Hoje tive uma conversa com o Rui Almeida, que me disse que o processo de retirada da excomunhão, apenas tinha sido iniciado e não estava acabado, que havia condições ainda a cumprir...
    Mas eu não posso acreditar que a diplomacia mais experiente do mundo venha dizer que não sabia das declarações do padre negacionista. É óbvio...

     
  • At 8 de fevereiro de 2009 às 00:28, Blogger cbs said…

    "não posso acreditar" quero dizer: não posso aceitar

     
  • At 8 de fevereiro de 2009 às 01:02, Blogger maria said…

    pois...não esperavam era esta reação de tantas instâncias. Tornou-se tudo muito vísivel a a diplomacia vaticana trabalha mais nas caves.

    Acho que há que manter a serenidade e deixar isto andar. A Igreja é também isto.

     
  • At 6 de junho de 2018 às 02:05, Blogger jeje said…

  • At 10 de agosto de 2018 às 07:56, Blogger 5689 said…

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