segunda-feira, junho 09, 2008
Citação
« Jesus disse : « Que aquele que procura não pare de procurar, até que encontre, e ao encontrar ficará abalroado de espanto. Espantado, reinará, e reinando, conhecerá o repouso. »
Judas disse : « Quem são aqueles que nos puxam para o céu, se o reino está no céu ? » Jesus disse : « Os pássaros do céu, os animais selvagens, tudo o que vive sob a terra ou sobre a terra, e os peixes do mar, vos puxam para Deus. E o reino dos céus está dentro de vós. Encontra-lo-á quem conhecer Deus, pois conhecendo Deus, conhecerão a vós próprios e saberão que são os filhos do Pai perfeito, e aprenderão também que são os cidadãos do céu. Vós sois a cidade de Deus. »
(…)
Jesus disse : « Façam apenas as obras da verdade. Se assim fizerem, conhecerão o mistério que ainda se vos escapa. »
(…)
Os discipúlos : « Senhor, como encontrar a fé ? » O Salvador disse-lhes : « Passando da obscuridade à luz da revelação. Este refulgir da inteligência ensinar-vos-á a encontrar a fé que manifesta o Pai sem pai. Que aquele que tem ouvidos para escutar escute ! O Mestre de todas as coisas não é o pai mas o ancião. Pois o Pai é somente a origem do que vai acontecer. Mas o seu pai é o ancião, Deus de todas as coisas desde o começo até aos tempos longínquos. »

Papiros de Oxirinco, 654 e 1081
posto por Vítor Mácula
posted by @ 11:51 da manhã  
20 Comments:
  • At 9 de junho de 2008 às 12:29, Blogger cbs said…

    Este comentário foi removido pelo autor.

     
  • At 9 de junho de 2008 às 12:29, Blogger cbs said…

    "E o reino dos céus está dentro de vós"

    interessante ;)

     
  • At 9 de junho de 2008 às 12:46, Anonymous Anónimo said…

    cuidado, Victor! Isso não é canónico... :

     
  • At 9 de junho de 2008 às 14:10, Blogger Vítor Mácula said…

    pois, são textos catódicos datados do séc. II :) mas o cuidado requer-se constante, com canónicos, catódicos, católicos…

     
  • At 9 de junho de 2008 às 19:19, Blogger The Pescador said…

    Se o reino de Deus está dentro de mim então quando eu morrervou pra dentro de mim mesmo???

    Deus abençoe
    www.thepescador.blogspot.com

     
  • At 9 de junho de 2008 às 20:00, Blogger Vítor Mácula said…

    Olá, Ghernandes.

    Sim, de certo modo "Interior" significa que o sentido ou não-sentido das coisas e dos actos reside em "interioridades" (por exemplo, a intenção). É nesse sentido que Jesus diz que o que sai da boca do homem é que o polui e que é do coração que brotam os actos iníquos. Se a morte é o confronto com a verdade, ela será um encontro com a interioridade (ou sentido) da vida, e sobretudo com a minha própria interioridade desconhecida (as verdadeiras intenções dos meus actos, para manter o exemplo).

    um abraço

     
  • At 9 de junho de 2008 às 23:44, Blogger Pedro Leal said…

    Vitor

    Pois, a gnosticismo não pode mesmo fazer parte do cânone... Cristo não salva pelos seus ensinos, ou como guia de auto-conhecimento, mas pela Sua morte e ressurreição.

     
  • At 10 de junho de 2008 às 03:44, Blogger zazie said…

    Ó Vitor, parece no gozo, mas não é. Lembrei-me agora: tu por acaso sabes as fontes do nascimento de Cristo acompanhado pelo demo? Com a Virgem a ser equiparada a Eva e por isso o nascimento estar sob efeito do pecado.

    Eu sei que vem dos evangelhos gnósticos mas como sou muito ignorante nestas matérias não sei como encontrar a passagem.

    Beijoca

    (não é no gozo, lembrei-me mesmo por causa de uma coisa minha. E tu sabes disto pra xuxu.
    ehehehe)

     
  • At 10 de junho de 2008 às 14:56, Blogger Hadassah said…

    Onde é que andam os protestantes deste blog, que praticamente não "postam"? O subtítulo do blog começa a deixar de fazer sentido...Cada vez mais parece um espaço de reflexão de católicos.

     
  • At 11 de junho de 2008 às 14:31, Blogger Vítor Mácula said…

    Olá, Pedro.

    Já se sabe, já se sabe, pá… Agora era engraçado desenvolver e dialogar: significa isso que para ti não há ensinamentos, teologia, especulação, meditação cristãs? E também,: como ter consciência do pecado sem auto-conhecimento?

    E não percebo muito bem como gnosticizas este trecho de Oxirinco, suponho que pelo último trecho, mas nesse caso: O que significa para ti “passar da obscuridade para a luz da revelação”? e também: qualquer texto gnóstico é para ti totalmente inverdadeiro?

    um abraço

     
  • At 11 de junho de 2008 às 15:24, Blogger Vítor Mácula said…

    Olá, Zazie.

    Não, assim do pé para a mão não, que eu não sei disto para xuxu, pá ;) Eu dos caracterizados como gnósticos apenas li com atenção o "Evangelho de Tomé" e o "Evangelho de Maria"


    Mas uma breve nota: não há bem os « gnósticos ». Trata-se dum termo forjado pelos pais da igreja, e depois integrado como classificação historico-religiosa, que integra textos e modos de vida muito díspares. Aqui é delicado toda a tomada de conteúdos e sua análise, pois é sobretudo a partir dos textos que os denigrem que temos acesso a registos da sua existência e modos de vida e pensamento (pelo menos até ao séc. III DC, penso eu). Quanto aos textos de Oxirinco, de Nag Hammadi, de Qum’ ran, não é possível classificá-los de modo tão simplista. E depois, são textos que indiciam diferentes - e em muitos aspectos até opostos – pontos de vista e vida. No geral, os textos a que se dá o nome de gnósticos, não focam nem a ressurreição nem a crucificação nem a incarnação. Tratam-se de textos que visam orientar para uma ascese de conversão primeira (isto é, os primeiros passos de abnegação e purificação) Nesse sentido também, são geralmente textos aparentemente ligados a comunidades ou formas de vida que não têm intentos políticos, um pouco como os padres do deserto. Em muitos deles nota-se também uma tendência para dar mais relevo ao esforço interior do humano do que ao da graça divina, mas não negando esta (e só os néscios acham que diversos aspectos da mesma dinâmica são imediatamente contraditórios: seria como dizer que não sou eu que mexo o braço, mas as proteínas e vitaminas que ingeri;). Santo Ireneu apela de gnósticos aqueles que anulam a graça divina e fazem da ascese uma estrita auto-elevação, o que não se pode deduzir de muitos textos classificados de “gnósticos”. Alguns têm uma aparente malignização do corpo enquanto tal, e suponho que será nesses que se encontra essa tua estória. Acho-a um pouco estranha para ser dum evangelho “gnóstico”, no sentido em que o pecado é focado narrativamente, de modo muito judaico ou maniqueu. Os evangelhos “gnósticos” costumam centrar-se mais em diálogos ou enunciações directas de Jesus, do que em narrativas. Eu hoje já não volto a casa e vou laurear os pirolitos até domingo, mas para a semana posso ir espreitar aos canhanhos a ver se encontro algo. Não me sabes dar mais referências?...

    bjocas

     
  • At 11 de junho de 2008 às 15:32, Blogger Vítor Mácula said…

    E a comentadora protestante, não quer partilhar reflexões? Eu neste momento até estou a passar por gnóstico ou lá o que é ;) abraço

     
  • At 11 de junho de 2008 às 17:10, Blogger zazie said…

    Viva, rapaz

    Obrigada pela resposta e interesse. De facto sei pouco disto e também não existem grandes estudos.

    No meu caso é simples- posso dizer-te já do que se trata.

    Um dos capitéis mais antigos da capela mor da igreja da Batalha tem representada uma natividade onde, de facto, aparece o demónio a espreitar. O Saul António Gomes até publicou estudo do monumento e, como é óbvio, referiu que esta representação se prende com a tal descrição de evangelhos gnósticos onde Maria era pecadora, já que pela natividade, sem ser imaculada, se aproximava de Eva.

    Eu apenas queria saber onde encontrar as fontes escritas. Porque as referências icongráficas são muitas.

    E, no caso da Batalha, até é bem forte por estar mesmo dentro da capela mor. Como também andei às voltas com a outra representação da Virgem com o colar das mãos de Fátima (tenho post no Cocanha) tenho curiosidade em entender como é que se espalhou, até por outras vias, esta ideia.

    Beijocas e folga bem

     
  • At 11 de junho de 2008 às 17:15, Blogger zazie said…

    A Helena Barbas até tem um bom texto- Imagens e sombras na literatura e arte portuguesas, mas não refere nada disto.

    (o caso da Batalha é muito mais complicado, até porque mistura temas da mitologia com marianologias)

    Os amigos evangélicos devem ficar apavorados com estas conversas.

    Devem estar proibidos de estudar
    ":O))

     
  • At 11 de junho de 2008 às 17:19, Blogger zazie said…

    Mas ainda bem que achas estranho ser de um evangelho gnóstico porque eu também andava com essa ideia.

    Mas como se disse que e a malta nem sabe nada disso, não se toca.

    Mas está lá. E não é acréscimo, nem restauro, é mesmo da obra inicial.

    E a figuração do demo é muito comum associada à criação- isso sim, agora numa natividade é mais complicado. Ainda que tenha um parte exterior que pode invocar o pecado de Eva.

    Eu só não sei se os mouros tinham estas variantes. Porque a ideia que tenho é que isto só pode ter sido obra de judeu ou de artífice mouro. Aquele detalhe do colar é mais uma achega.

     
  • At 12 de junho de 2008 às 00:18, Blogger Pedro Leal said…

    Vitor

    Claro que há "ensinamentos, teologia, especulação, meditação cristãs". A questão tem a ver com a bitola que faz o seu escrutínio. Neste caso, a bitola são os livros canónicos da Bíblia. Por outro lado as afirmações têm que ser lidas à luz do contexto e dos fins pretendidos. Acredito que o Hitler defenderia excelentes princípios sobre a alimentação saudável, o exercicio físico e a higiene pessoal, por exemplo. Mas desconfio que ninguém, fora do círculo nazi, o vá citar sobre esses assuntos.
    Quanto à consciência do pecado, realmente ela nasce do auto-conhecimento. Mas esse auto-conhecimento só acontece com a ajuda do Espírito Santo (João 16:8)

     
  • At 12 de junho de 2008 às 14:47, Blogger Vítor Mácula said…

    Meu caro Pedro, terias de demonstrar ou mostrar que estes textos de Oxirinco, para nos mantermos na citação, provém de comunidades, práticas e ideologias determinadas, tal como sabemos no caso do nazismo. Infelizmente para a tua malignização dos "gnósticos" ou destes papiros, nada de tal é possível. O que tu me pareces fazer é sumária e irreflectidamente: tudo o que não é canónico tem risco de malignidade. E tal é uma posição sustentável. O meu problema é que, para mim, inclusive a canonicidade tem riscos de malignidade (preciso de citar-te certos textos bíblicos?)

    "Quanto à consciência do pecado, realmente ela nasce do auto-conhecimento. Mas esse auto-conhecimento só acontece com a ajuda do Espírito Santo (João 16:8)"
    Precisamente a concepção que se encontra no "gnóstico" "Evangelho de Maria" assim como no "de Tomé" .

     
  • At 13 de junho de 2008 às 01:06, Blogger Hadassah said…

    "A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder,
    para que a vossa fé não se apoiasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus".

    Palavras de Paulo (I Coríntios 2:4 e 5)

    Amigos, não existe salvação no homem, nem na sua interioridade...a salvação é operada pelo Espírito Santo, entidade que pode ou não habitar no nosso interior ... a salvação é portanto operada por intervenção de uma entidade externa...através do Poder de Deus, de que fala Paulo.


    O homem poderá perder todos os minutos da sua vida, num exercício de auto-conhecimento e apenas encontrará vazio espiritual, a não ser que abra a sua alma ao Espírito Santo.

    Não existindo comunhão possivel entre o bem e o mal, o Espírito Santo habita aquele que se arrepende verdadeiramente dos seus pecados e entende que o sangue de Jesus o purificou para que fosse livre e tivesse Vida (quando falo em Vida, falo em libertação do pecado, em ressureição em Cristo).

    "Se é só para esta vida que esperamos em Cristo, somos de todos os homens os mais infelizes". I Coríntios 15:19

    Sendo Deus capaz de no enviar o Seu Filho, pelo amor que tem por cada um de nós, que somos sua obra prima, não será esse mesmo Deus igualmente poderoso para permitir que a verdade essencial não tivesse ficado em mãos "alheias", mas antes que a mensagem da salvação, tivesse chegado até aos dias de hoje?

    Não tenho dúvidas de que as Sagradas Escrituras, tal como nos chegaram até hoje, com mais ou menos uns quantos livros, é suficiente para nos levar a Deus.

    Desculpem queridos amigos católicos, mas às vezes parece que se dá a volta ao mundo para se encontrar uma porta que está mesmo à nossa frente...

    Um abraço
    Hadassah

     
  • At 13 de junho de 2008 às 01:12, Blogger Hadassah said…

    Esta palavra diz tanto!!

    "... mas em demonstração do Espírito e de poder,
    para que a vossa fé não se apoiasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus".

    Demonstração do Espírito...

    É tão simplesmente isto...demonstração do Espírito...

    Não vale a pena fazer interpretações poéticas ou literárias, ou intelectuais...a demonstração do Espírito àquele que busca a Deus, é simples, real e óbvia...

    percebo porque é que Jesus disse tantas vezes que os simples verão mais facilmente Deus...

     
  • At 13 de junho de 2008 às 12:20, Blogger Vítor Mácula said…

    Olá, Hadassah

    "Não tenho dúvidas de que as Sagradas Escrituras, tal como nos chegaram até hoje, com mais ou menos uns quantos livros, é suficiente para nos levar a Deus."
    Bolas, até ver, ninguém pretendeu aqui o contrário ;)

    A questão que se pôs, penso eu - e é até simples LOL - é se tal exclui que textos não-canónicos sejam também via de conversão e verdade.

    A de "não serem preciso interpretações" não a posso comentar, pois nem a compreendo. Buscar o sentido é inerente a qualquer leitura.

    Seja como fôr, tal não me parece apanágio de católicos ou protestantes (género os católicos complicam e os protestantes são verdadeiramente simples, um regresso ao primitivo cristianismo, conheço a cantiga). A não ser que o Barth seja católico LOL


    O outro ponto também não tem que ver com se nos salvamos a nós próprios, mas quais os modos de resposta e conexão ou comunhão - com a acção salvadora de Deus em Cristo. E, por contraponto, quais os obstáculos que podemos pôr à acção salvífica. Por exemplo, tu avanças que perder-se em especulações poéticas, intelectuais, etc tem o risco de distrair do essencial e obstaculizar a conversão. Outros têm avançado etc

    C' est très simple quand même ;)

    um abraço

     
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