Gertrud caminha no fio da navalha, na fronteira ténue que separa o amor como dádiva total do amor como diluição fácil e ansiada no outro. Não se contentando com a mediocridade do amor "razoável" (o qual a nossa era, cheia de psicanálises e diagnósticos de patalogias interiores, parece patrocinar como o amor dos "esclarecidos" num patético simulacro de sentimentos) nem tão pouco se perdendo no amado de tal forma que a vocação amorosa se torne numa horrorosa e tão frequente caricatura destrutiva e cega do que seria elevado, dir-se-ia que Gertrud pretende realizar o impossível equilíbrio. Este é O filme sobre o amor. Diria também que é O filme feminista no que a palavra tem de mais essencial. Talvez não seja por acaso que a peça na qual se baseia é de Söderberg, autor sueco, de um país onde a mulher já na época alcançara um estatuto que permitia saltar fora das convenções de ambos os lados da barricada sobre o que esta deve ser. É um filme que qualquer cristão, aliás, qualquer ser humano que se propõe a esta difícil empresa deve ver e rever com devoção. Não o posso recomendar o suficiente. E passa na Cinemateca amanhã às 21h30. Luís |
Repete hoje, dia 25 de janeiro na cinemateca às 19.30.
E obrigado pelo post, acho que ecumenismo é também isso.
Uma pergunta, esse tipo de amor, só é buscado (ou alcançado) pelas mulheres?