quarta-feira, dezembro 05, 2007
Uma teoria da religião 3: O Supra-humano
Henri Bergson diz que o grande místico é o símbolo do Supra-humano, de uma humanidade que ainda não existe, querendo dizer que a transformação que essa alma experimentou, afigura-se uma morte seguida de ressurreição. A força que o invade é para ele a marca de uma presença: “Vem então uma imensidão de alegria, êxtase em que se absorve ou encantamento que experimenta: Deus está ali, e ela está Nele” (Les Deux Sources, p. 243)

Esse herói da vida mística possui um poder de contágio espantoso. Pela manifestação de uma simplicidade genial é capaz de arrastar as massas humanas. Ao lado do testemunho místico, as teologias e os actos de culto não são mais que ecos longínquos.

Mas um testemunho repousa sobre a qualidade da testemunha, e os santos cristãos escutam o apelo de Alguém na origem do Cristianismo; Cristo inverteu a queda elevando de novo a Vida, imprimindo-lhe uma redenção. Se pensarmos em Cristo como o místico supremo, essa redenção da Vida humana toma todo o sentido.

Segundo Bergson, o Cristo dos evangelhos é o Místico por excelência, e aqui o que conta não é a identidade histórica, mas que um “humano”, inverteu a moral – Cristo e não Nietzsche – lançando o discurso do Amor, revolucionando a concepção de poder: Eu não vim para ser servido, mas para servir.
E foi na montanha que melhor soaram as mais "absurdas" palavras, que ficaram para sempre a ecoar entre as gerações: Bem aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus…

Os santos de que se rodeou foram homens dignos do Seu esforço criador, que irão expandir pelos séculos a chama que Ele trouxe; “o Amor que o consome já não é o amor de um humano por Deus, é o Amor de Deus por todos os homens” (Les Deux Sources, p. 247)
cbs

posted by @ 6:07 da tarde  
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