terça-feira, dezembro 04, 2007 |
Em direcção a uma Antropologia Teológica. First things first. |
É tendência humana, ao falar de Deus, colocarmo-nos como centro dessa descoberta. O Eu torna-se o centro para a existência de Deus e a Sua descoberta. Chamemos-lhe (como alguns o fazem) de Teologia Antropológica. Tomemos Séneca, o estóico, como exemplo.
Consideremos a possibilidade de uma Antropologia Teológica. Deus é o centro e o Homem a Sua criação. Neste ponto de vista, a medida do conhecimento do Homem faz-se conhecendo Deus e não vice-versa. Tomemos o Apóstolo Paulo como referência.
Também aqui somos, por vezes (senão tantas vezes – veja-se este mesmo blog), mais estóicos do que cristãos. Citando Sevenster, o pensamento de Paulo segue assim: “Paul never writes about this subject from a theoretical anthropological interest… even when he does write about man he is really concerned with one thing only: God’s salvation in Christ.” Ou, tão simplesmente: “Paul does not refer to man without referring to God and Christ. Anthropology is indissolubly bound up with the whole of Paul’s kerigma.”
Para Paulo a compreensão do Homem faz-se a partir de Deus. Mas, pela nossa tendência egocêntrica: “when there is a lack of anthropological material, a strong inclination arises to determine exactly how much anthropological information can be distilled from the relatively few passages that seem to possess anthropological significance. But with his passages this becomes immediately obvious that such an interest in really out of proportion to Paul’s own interest in this subject, and the anthropological aspect, witch is certainly not of prime importance in his texts, is being placed in the foreground.”
Em Séneca, mesmo que não o conheçamos muito aprofundadamente, é fácil perceber o contraste com Paulo a partir do título das suas obras. O Homem é o centro das suas considerações. Veja-se: De Vita Beata, De Tranquillitate Animi, De Constantia Sapientis, De Otio, De Brevitate Vitae, De Ira, Epistulae Morales… É o Homem, a sua felicidade, a sua paz de espírito, a sua constância, as suas emoções. Deus (ou a Natureza, ou divindade, ou a razão, ou seja o que lhe chamar) aparece como secundário em relação ao Homem e as suas considerações sobre aquele são todas Antropo-lógicas.
Finalizando: “Séneca always speaks first of man and from man’s point of view and only in connection with this – and then usually in passing – does he speak in the divinity; for Paul, what God as done, does and will do in Christ is always of prime importance and man is only mentioned insofar as is necessary in this connection.”
A respeito disto me ouvirão noutra ocasião.
Tiago Oliveira |
posted by @ 11:02 da manhã |
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1 Comments: |
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“Para Paulo a compreensão do Homem faz-se a partir de Deus” “É tendência humana, ao falar de Deus, colocarmo-nos como centro dessa descoberta”
Não nego a primeira afirmação, nem de forma relativa, nem de forma absoluta. Mas também confesso que não sei se apenas a partir de Deus será possível compreender o Homem... ou até se será possível compreendê-lo “at all”…
O que modestamente tenho pretendido, no entanto, é tentar demonstrar duas coisas: a) A ciência não só não nega Deus, como - se bem que sempre de forma fragmentária – pode confirmá-lo. b) Através da filosofia podemos chegar muito próximo, mesmo muito mais próximo Dele.
Depois disto, devo dizer que creio que a Revelação foi e é necessária para Lhe chegar. Não vejo como O perceber melhor do que através da Revelação de Cristo. Mas isso não significa que outros caminhos não conduzam à Sua proximidade, em particular através da intuição humana.
Reiterando a modéstia, era só isto que queria e quero ir dizendo.
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“Para Paulo a compreensão do Homem faz-se a partir de Deus”
“É tendência humana, ao falar de Deus, colocarmo-nos como centro dessa descoberta”
Não nego a primeira afirmação, nem de forma relativa, nem de forma absoluta. Mas também confesso que não sei se apenas a partir de Deus será possível compreender o Homem... ou até se será possível compreendê-lo “at all”…
O que modestamente tenho pretendido, no entanto, é tentar demonstrar duas coisas:
a) A ciência não só não nega Deus, como - se bem que sempre de forma fragmentária – pode confirmá-lo.
b) Através da filosofia podemos chegar muito próximo, mesmo muito mais próximo Dele.
Depois disto, devo dizer que creio que a Revelação foi e é necessária para Lhe chegar. Não vejo como O perceber melhor do que através da Revelação de Cristo.
Mas isso não significa que outros caminhos não conduzam à Sua proximidade, em particular através da intuição humana.
Reiterando a modéstia, era só isto que queria e quero ir dizendo.