quarta-feira, dezembro 05, 2007 |
Ciência e Fé. |
Numa reportagem para Os Fazedores de Letras, jornal académico da Universidade Clássica de Lisboa, compareci à plenária mensal do GBU, Grupo Bíblico Universitário, sob o tema 'Ciência e Fé', tutorada pelo cientista cristão Dr. Vinoth Ramachandra, doutorado em engenharia nuclear pela London University e autor do livro 'The Scandal of Jesus', e comprovei da edificação intelectual e espiritual minha e a dos meus irmãos de fé, e diga-se, de ciência.
Nessa reunião, na Sala de Exposições da Faculdade de Letras, a premissa era a da relação entre ciência e fé, e do como aquilo que chamamos científico, antes de ser comprovado na sua factualidade, dependeu sempre duma inclinação de fé, vinda de evidências por matematizar, medir, testar. Ramachandra declarou que o próprio impulso humano para o estudo do Universo é fundado na crença de que o nosso espaço é inteligível, observável, embora não compreensível na sua totalidade à mente do homem, limitada pelos seus padrões de cálculo e linguagem da nossa percepção, das quais a realidade exterior não é refém.
Logicamente, a existência duma inteligência na Criação subentende um Criador inteligente (Salmos 19:1), o que explica o deísmo dos nomes que sempre perfilarão nos manuais dos nossos filhos, como Einstein, Newton, Galileu. O primeiro lastimava-se da falta de logicidade dos pensadores que não compreendiam este silogismo vero, ao dizer 'O mal dos nossos cientistas é que são péssimos filósofos', pois 'Ao observarmos uma pintura, é óbvia a existência dum pintor'. Mas ainda há quem creia que a eureka pessoal de Newton adveio da maçã que lhe tombou na fronte e, por osmose, lhe introduziu a gravitação universal e as três leis do movimento, e não por verificar, baseado na observação, experimentação e cálculo, que a fé das suas evidências era, após comprovação, factual.
Se considerarmos, enquanto crentes, a história da ciência humana, deparamo-nos com um catálogo de erros na debate entre fé e secularismo, e não é nova a preferência de certo cristão, por conformidade ou preguiça intelectual, concordar com o secular, e não com a Palavra. Afinal, tal aconteceu milénio e meio, até à emergência de Galileu, que era veemente nas suas evidências que a Terra era redonda e suspensa sobre o vazio, não sem ser silenciado por esta 'cristandade secular', que conforme às ciências do homem, preferia aceitar a planura do planeta, desdenhando a Escritura:
'Ele é o que está assentado sobre o círculo [heb. huob, também 'esfera'] da terra' (Isaías 40:22) 'O norte estende sobre o vazio; e suspende a terra sobre o nada' (Job 26:7).
Permitam-me, pois, estabelecer o paralelo entre este episódio histórico e o debate criacionismo vs/ darwinismo no qual o comum homem, a par do Dr. Vinoth Ramachandra, são guerreantes. Batalha essa que não se trava entre fé contra ciência, mas antes, e por falta de factos científicos pela impossibilidade humana de os demonstrar, entre duas fés. Ilustrando e subscrevendo, um dos mais sinceros crentes da evolução, premiado com o Nóbel da sua categoria, disse:
'I will not accept that [criacionismo] philosophically, because I do not want to believe in God, therefore I chose to believe in that which is scientifically impossible: spontaneous generations rising to evolution'. -- WALD, George, 'Biochemical Science: An Inquiry Into Life'
Assim, esperemos que as nossas fés se debatam, mas com a honestidade e objectividade que a ciência obriga, tendo a Lógica, que é o centro de todo o saber humano, como único testador das nossas crenças, donde, por mão humana, ou por vontade divina, como é o veredicto dos cristãos, se obviará a Verdade, e, verdadeiramente, como Jesus diz, a Verdade nos libertará (João 8:23).
Bons estudos.
Nuno Fonseca
[post-scriptum: Parabéns, Tiago C. Deus abençoe a tua casa.]
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posted by @ 2:36 da tarde |
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4 Comments: |
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I would accept that [criacionismo] philophically. And I believe in God too, so I am not affraid of science and experimental knowledge. Therefore I chose to believe in what is scientifically possible and most probable: God generations rising in evolution.
Que tal agora? ;)
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Saudações amado CBS.
Na parte da honestidade, estás lá, mas o problema da evolução é que não qualifica como experimental nem empirical knowledge e isso screws it up altogether. Sabendo isto, e tendo em contar que o ouviste dum especialista da teoria, premiado com o Nóbel (apesar de não representar nenhuma classe oprimida pela guerra ou pelo status-quo!), espero que hajas evidências válidas que suportem a tua fé, coisa que falta a dois séculos de darwinismo.
Mas não penses que te julgue a autenticidade do teu cristianismo à conta deste tópico, pois a Salvação depende na crença em Jesus Cristo e na redenção humana pelo Seu sangue (João 3:16), e não pela certeza da interpretação literal do Livro de Génesis. O contraponto está em que a Palavra concorda com a História e é até o centro dela, pela qual contamos os anos desde o nascimento do Senhor, e sendo óbvia nisto, porque não crer na Sua pré-historicidade?
Paz.
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"pois a Salvação depende na crença em Jesus Cristo (...) e não pela certeza da interpretação literal do Livro de Génesis"
pois, é por aí Nuno, é por aí que podemos ir juntos. abraço
PS: havemos de discutir o evolucionismo,aliás como Bergsoniano sou evolucionista. Mas por agora ando mais noutra. e teria de estudar pois; quem sabe até mudar de ideias, mas duvido, lol
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Bom trabalho, Nuno. Obrigado.
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I would accept that [criacionismo] philophically.
And I believe in God too, so I am not affraid of science and experimental knowledge.
Therefore I chose to believe in what is scientifically possible and most probable: God generations rising in evolution.
Que tal agora?
;)