terça-feira, abril 10, 2007
O Cortejo

Tiago, nunca estaria errado, se o caminho me aproximasse de Deus.
Todos os que, como os da Fé de Abraão, reconhecem o Pai, estão nesse caminho.
Deixa-me discordar agora eu de ti...
Jesus não foi globetrotter, mas foram-no Paulo e outros, por Ele.
E não meto só a geografia a salvar as almas, mais, meto a Cultura; e o que quero dizer na frase, é que, fosse qual fosse a época, fosse qual fosse o lugar, o meu sentimento interior iria sempre procurar Deus, qual que fosse o referencial místico, isto é, a religião… até Amon-Ra servia, á falta de melhor.

Pedro, para nos aproximar de Deus (que é o essencial), muitas religiões fazem o serviço; isso não significa que todas sejam iguais.
É por essa razão que agora, tu e o Tiago, levam com uma traduçãozita ligeira, mas que me emociona, de “Les deux sources de la Morale et de la Religion” do meu querido Bergson.

"E eis que se forma o cortejo dos místicos: adeptos dos mistérios de Isis e de Osiris; cortejos de Dionisius, iniciados do Orfismo em que a embriaguez da alma não era muito diferente daquela que o vinho produzia; discípulos de Pitágoras e de Platão; mas talvez que todos eles não tenham sequer roçado o solo da terra prometida.
Eles iam com Plotino, até ao êxtase, mas não à fusão unitiva.
O grande místico une a acção com a contemplação e não faz da acção apenas uma contemplação fragilizada como o faz o autor da Eneida.

Adeptos do Yoga, contemplativos da Índia que renunciam, à acção e à vida, para se fundirem na Totalidade, brâmanes, budistas e mesmo jainistas pregaram então com uma força crescente a extinção do “querer-viver”; geraram místicas incompletas, mas chegaram muito longe.
E, talvez, fecundados pelo cristianismo, sem que isso fosse evidente, acabaram por suscitar grandes místicos próximos dos cristãos.
As personalidades de Ramakrishna e de Vivekananda brilham neste cortejo.
Mas quem sabe o que devem também ao sopro moderno das civilizações da acção e do domínio do mundo?

Contudo, eis que chega enfim uma Mística completa, a dos grandes cristãos, que parece preparada e fomentada por todos os outros, como o Homem por tudo o que precedeu o Homem.
Eis os místicos cristãos continuadores dos profetas de Israel.
Eles são os arautos do Amor em Acto; trazem o que faltou à corrente helénica contemplativa.
A Mística activa é devida, em grande parte, aos profetas de Israel, mas após o Amor revelado por Cristo vai transformar-se numa energia criativa.
Os místicos cristãos são intermediários, transmitem-nos a revelação de Jesus, a forma última do amor, o Amor de Deus pelos homens.
Estamos no Sétimo Céu de Santa Teresa de Ávila e a Mística cristã tornou-se numa "ciência inata”, melhor, na inocência readquirida, no acto decisivo, na palavra sem réplica."


cbs com um pedido de desculpas pelos consecutivos esquecimentos de assunção (mas vendo algum dislate, já sabem quem falta assinalar :)
posted by @ 1:17 da manhã  
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