Apartado de todo o sentido, encontra o seu anseio no eco dos acontecimentos. De resto vai andando, representando-se como compreendendo mais ou menos a vida e tendo domínio relativo sobre si. Mas um mero estremecer o depõe no vazio de sentido, a pessoa amada deixa-o, ou o seu amor por ela abandona-o. Ou dá por si olhando o seu trajecto e não se reconhecendo nele. Ou simplesmente perde o prazer dos seus interesses, ou apenas o emprego. Já não se percebe. O que se passa afinal, o que é isto e onde estou – é o que o acomete.
Olhando a sua própria ausência, evita o suicídio com uma pequena narração. Uma explicação do amor perdido, uma análise sociológica do trabalho, uma reordenação do seu próprio trajecto, e mergulha na fremente ilusão: a partir de agora é que é, a partir de agora o acto e a lucidez.
Até à próxima.
Pois é precisamente a cisão entre o viver-se e o doar sentido – que o aparta de si, fundamentalmente alienado.
Alguém viesse, que unificasse o acto e a narração, afinal esse é o secreto eco dos acontecimentos.
Alguém cujo viver fosse o seu próprio significado, afinal essa é a secreta esperança das palavras.
Alguém que simplesmente – seja.
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vítor mácula |
é isso sim. confirmo-o com o meu próprio testemunho. tirando a parte da pessoa amada, que não deixo no vazio completo, e tirando a parte do agora é que é, que não é nada, não senhor(a). o resto (não)sou eu... confirmo-o, é isso mesmo.