segunda-feira, março 19, 2007 |
e vai mais uma |
Num blogue de (entre?) católicos e protestantes até as coincidências valem:
no blogue do Lutz, a católica Irene Sendler
(o Lutz esqueceu-se deste pormenor, talvez com razão, talvez por desconhecimento, talvez pelas suas origens protestantes)
timshel |
posted by @ 7:36 da tarde |
|
7 Comments: |
-
Como escrevi no post, é só desde ontem que sei da existência de Irene Sendler. As fontes são um artigo no Spiegel e a página da "Association of the children of the Holocaust", que ambos linkei. Em nenhum destas está específicamente referido que é católica, embora assumi que fosse, sendo ela polaca e vivendo hoje num lar de idosos católico. Dado o meu conhecimento ainda limitado de Irene Sendler, achei correcto não establecer uma relação entre ela ser (muito provavelente) católica, e os seus actos nobres e heróicos, por uma razão muito simples: no relato que ela própria faz da sua actividade de resistência, no site da Ass. filhos do Holocausto, ela não o faz. Fala da sua motivação, mas sem referir Deus ou Igreja. Diz exactamente isto: "The reason why I rescued children from the ghetto dates back to may family home and childhood. I was brought up to react that a person must be rescued when drowning, regardless of religion and nationality. A requirement dictated by the heart."
Se ela relaciona a sua humanidade, generosidade e o seu heroismo com a sua religião, reconhecerei isso com o maior respeito. Mas não acho que outros deviam fazê-lo para ela.
-
Lutz
este post (como quase todos os que escrevo) não é 100% sério (digamos que é 50/50)
quando escrevi que este blogue não é "de" católicos e protestantes mas "entre" católicos e protestantes anunciava desde logo a intenção "provocatório-conflituosa" do post
depois disse que "até as coincidências valem"
sublinho: "coincidências"
depois ainda disse que talvez tivesses razão; e porque é que tinhas razão? precisamente porque o facto de ela ser católica é irrelevante
ainda deixei mais uma pequena provocaçãozinha referindo-me às tuas origens protestantes
ora é evidente que isso é de tal modo absurdo que só pode ser entendido como mais uma amável provocaçãozinha aos meus colegas protestantes do blogue (até porque penso que te reconheces mais no agnosticismo que no protestantismo)
a sério agora:
acho que é absolutamente irrelevante o facto de ela ser católica
se é verdade que, aquando do nazismo, a maior parte dos actos deste tipo foram feitos por católicos, também é verdade que outros foram feitos por pessoas de outras confissões ou mesmo por ateus (e estou-me a lembrar dos numerosos actos de heroísmo e de abnegação levados a cabo por comunistas)
o facto de Irene Sendler ser católica é então irrelevante; mas porque o chamei eu à colacção?
por duas razões
primeiro, porque enquanto católico, me interessa chamar a atenção para este facto apesar de ele ser irrelevante (demagogia)
segundo, porque este blogue é (?) um palco de conflito entre católicos e protestantes em que cada uns glorificam os seus ícones
por vezes tenho um sentido de humor duvidoso
que fique absolutamente claro que qualquer acusação de má-fé no que respeita à tua pessoa me parece totalmente infundado
neste caso específico a acusação indirecta de má-fé que te fiz parecia-me de tal modo absurda que pensei que apenas poderia ser interpretada como mais uma das minhas brincadeiras (de mau-gosto) mas de facto também poderia ser levada (erradamente) a sério
espero que desculpes a ambiguidade agressiva do post e da possibilidade de acusação de má-fé
um abraço
timshel
-
Tas desculpado. De facto, se tivesses assinado o post, provavelmente não o teria levado a letra. A gente esquec-se, mas este meio, blogue, é perigoso, porque não vemos a cara do outro, escrevemos inevitávelente muito elíptico, assim, quem escreve e quem lê, facilmente falham a encontrar-se no mesmo registo.
-
Já agora, deixa-me contribuir para o vossa competição com esta hístória verídica:
O meu avô materno foi, como contei, um evangélico ferrenho, mas de resto uma boa pessoa. Também foi antinazi assumido, embora sem que eu soubesse de grandes feitos heróicos. Mas também não foi pessoa de gabar-se. Um dia, na ocasião da morte dum destacado concidadão da sua geração, que no tempo da guerra tinha organizado ajuda alimentar clandestina para os prisioneiros de guerra russos num campo perto da cidade, o meu avô, que o conhecia, não sei se destas andanças, confessou o seu grande respeito para ele. Rendeu-se a uma verdade inquietante, que não compreendia, mas reconhecia: Este foi um bom homem, apesar de católico!
-
ops, tens razão
já o assinei
mas não estou muito de acordo com a ideia da dificuldade do meio
é verdade que o facto de não se ver um sorriso ou um ar brincalhão torna mais difícil saber se a pessoa está a brincar ou a falar a sério e dá lugar a mais mal-entendidos
mas, do meu ponto de vista isso pode ser uma vantagem, uma vantagem enorme
porque, face à ambiguidade, tudo vai depender do receptor, da sua disponibilidade, da sua vontade de escolher, da sua vontade de interpretar e, em consequência disso, da sua interpretação - é liberdade pura, um dos conceitos mais difíceis e mais significativos dos meus santos (Steinbeck e São Josémaria Escrivá)
-
dos meus santos (Steinbeck e São Josémaria Escrivá)
aahahahahaha
Aé me engasguei. Tu és o máximo na escolha de santinhos. Ainda por cima, porque a revelação veio com a literatura e, só depois, passou à Obra
":O)))))
Se não existisses tinhas de ser inventado
-
Que vontade de fazer um post com este comentário. É que é brilhantemente inteligente e tem aquele final desconcertante
ehehhe
Posso? só uma passagem sem especificar ao que a levou
|
|
<< Home |
|
|
|
|
Um blogue de protestantes e católicos. |
|
Já escrito |
|
Arquivos |
|
Links |
|
|
Como escrevi no post, é só desde ontem que sei da existência de Irene Sendler. As fontes são um artigo no Spiegel e a página da "Association of the children of the Holocaust", que ambos linkei. Em nenhum destas está específicamente referido que é católica, embora assumi que fosse, sendo ela polaca e vivendo hoje num lar de idosos católico.
Dado o meu conhecimento ainda limitado de Irene Sendler, achei correcto não establecer uma relação entre ela ser (muito provavelente) católica, e os seus actos nobres e heróicos, por uma razão muito simples: no relato que ela própria faz da sua actividade de resistência, no site da Ass. filhos do Holocausto, ela não o faz. Fala da sua motivação, mas sem referir Deus ou Igreja. Diz exactamente isto: "The reason why I rescued children from the ghetto dates back to may family home and childhood. I was brought up to react that a person must be rescued when drowning, regardless of religion and nationality. A requirement dictated by the heart."
Se ela relaciona a sua humanidade, generosidade e o seu heroismo com a sua religião, reconhecerei isso com o maior respeito. Mas não acho que outros deviam fazê-lo para ela.