terça-feira, janeiro 09, 2007
da Santa Madre
Não deixa de ser curioso que, séculos passados sobre o abandono de Lutero, num pequeno e despretensioso blogue de um pequeno país em vias de retrocesso, se evidenciem as mesmas diferenças dos modos de pensar e viver a fé entre católicos e protestantes. Mas se os católicos aqui presentes são dignas amostras de um catolicismo latino, para quem a Santa Madre Igreja é tratada como todas as mães - com amor e respeito, mas sem fazer tudo o que ela manda -, já os protestantes portugueses deste canto blogosférico têm a sua inspiração do outro lado do oceano e não no centro da boa e velha Europa (coisa difícil de imaginar são protestantes latinos; parece haver uma impossibilidade ontológica).
Assim, pululam as diversidades, sublinhadas com fervor pela minoria de modo a não se esquecer das razões da sua identidade, e é ver o peso da fé como salvo-conduto bastante para a salvação (ainda que se não se aprofundem as razões dessa fé, não se vá dar o caso de se encontrar a sua raiz na tradição recusada); uma quase idolatria da palavra da Bíblia como regulamento normativo (e o receio de que se esteja a “interpretar” o seu aparente sentido único, em desprimor do que foi a fresca teologia protestante, de Bultmann e Barth, por exemplo); e o inevitável mas paradoxal pelos magistérios (como se não os houvesse entre igrejas, pastores e teólogos de protesto); e outras minudenciazinhas, com tanta importância como estas.
Do monitor ressalta aos olhos que há mais diversidade entre os católicos do que entre alguns católicos e os protestantes. Devo informar que, apesar de comunóide, sou um «divine office (moderately traditional) catholic».
Na Igreja em que habito cabe uma grande variedade de modos de experimentar a Fé, de viver no mundo com o coração em Cristo. Chamamos a isso diversidade na unidade. Nesta grande mesa cabem o padre Mário Oliveira ao lado do Jardim Gonçalves, as beatas que adormecem na eucaristia encostadas aos católicos não praticantes (que nunca compreendi muito bem o que seja), os Jesuítas ao lado da Opus Dei, os católicos “de direita” e/ou pró-aborto a par dos católicos “de esquerda” e/ou anti-aborto, os muitos missionários e a Cúria Romana, os teólogos da Libertação entre os monges contemplativos e os párocos das grandes cidades. Tão grande e confusa é essa multiplicidade de olhares que, por vezes, dou por mim algo impiedoso (comigo e com os outros) e dogmático no meu catolicismo como forma (protestante) de delimitar as fronteiras. O que vale é que agora tenho um Papa a fazer esse trabalho por mim.

Carlos Cunha
posted by @ 3:02 da tarde  
8 Comments:
  • At 9 de janeiro de 2007 às 20:46, Blogger timshel said…

    «divine office (moderately traditional) catholic» tal como tu
    (66 mas tenho a impressao que se nao fossem certas circunstancias independentes da minha vontade era capaz de chegar ao tradicionalista :)

    no segundo teste descobri que sou 30% protestante

     
  • At 10 de janeiro de 2007 às 10:58, Anonymous Anónimo said…

    Eu tive uns sólidos e preocupantes 72, a poucos passos do «very traditional».
    Viva o Papa!

     
  • At 10 de janeiro de 2007 às 13:21, Blogger David Cameira said…

    IRMAÕS E AMIGO,

    uM EVANGÉLICO FUNDAMENTALISTA COMO EU DÁ PULOS DE CONTENTE HOJE !!!

    O PAPA BENTO XVI NÃO VEM A FÁTIMA PQ CONSIDERA MAIS IMPORTANTE " APROFUNDAR-SE NOS MISTÉRIOS DE JESUS CRISTO "

    sEJA LÁ ISTO DOS " MISTÉRIOS " O Q FOR ... VIVA O PAPA , VIVA O PAPA

    " GANDA " B16 ( Como cupiosamente refere o diário ateista , sempre q se refere ao papado )

     
  • At 10 de janeiro de 2007 às 14:17, Blogger David Cameira said…

    o diário ateista nao simpatiza com o papa, como é obvio, apenas a similitude vai em dizer sempre B16 , para se referir a ele

     
  • At 11 de janeiro de 2007 às 03:20, Anonymous Anónimo said…

    Amigos, preparai as vossas pedras! ;)

    «You scored 43, on a scale of 0 to 100.
    You Are an Ignatian Exercises (Moderately Progressive) Catholic
    You love the church, but you'd like to see some changes in certain areas--birth control, divorce, the role of women--where official teaching seems disconnected from contemporary experience. You find the new vernacular liturgy, forms of prayer (such as adapting the age-old Ignatian Exercises for the laity), and devotions that arose in the wake of the Second Vatican Council much more relevant to your own spirituality than the old. Your favorite hymn is probably a contemporary standard such as "On Eagle's Wings." It goes without saying that your favorite pope is John XXIII, the pope of Vatican II. You admire examples of sanctity that seem relevant to our time, such as Dorothy Day. You loved the movie "The Mission," [mais ou menos, ehehehehe] because it reflected a Christian concern for the marginalized that was squelched by the institutional church. [não está mal visto! ;)]»

     
  • At 11 de janeiro de 2007 às 03:30, Anonymous Anónimo said…

    e estou bem entregue nesta casa feita saco de gatos: sou 40 por cento protestante e coisa esteve renhida atá ao fim... ;)

     
  • At 11 de janeiro de 2007 às 20:11, Anonymous Anónimo said…

    O «divine office (moderately traditional) catholic», meu caro CC, é muito próprio de um «comunóide», como não!

     
  • At 12 de janeiro de 2007 às 11:57, Anonymous Anónimo said…

    eu tou protestante a 60% Miguel :)
    mas como sou conservador, enquanto não me expulsarem do partido...

     
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