quinta-feira, fevereiro 26, 2009 |
A Estreia Mais Naif no Trento |
Vamos imaginar que as igrejas não tinham princípios fundadores. Assembleias de gente que se crê cristã e para quem a sua relação pessoal com Deus é única norma. Não há livros de regras. Não há revelações mais importantes do que outras. Não há sacerdotes nem dogmas. Vamos imaginar que as pessoas se encontram para celebrar e partilhar com alegria as suas descobertas e dúvidas enquanto caminham com Deus.
João Leal |
posted by @ 1:13 da tarde |
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7 Comments: |
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Huuum… eu acrescentaria, na última frase, "e desespero" ao "com alegria", porque as "dúvidas" e a revolta de certos dias e noites é também momento da caminhada e aprofundamento, e nesse sentido cabem na partilha, na celebração, na comunhão.
E deixo uma pergunta: o "crer-se cristão" não implica já dogmas implícitos, quero dizer princípios de crença, confiança, esperança etc que não são da ordem do demonstrável?
Isto sem deixar de aperceber que há um abuso dogmático na institucionalização societal das igrejas, claro, para uma manietação da consciência alheia que nada tem que ver nem com celebração nem com comunhão, mas com tranquilização puritana da própria consciência, grupo social, instituição, etc
abraço
PS: "puritano" aqui no sentido técnico de "pretender-se sem mistura".
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bem vindo, João. finalmente!...
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Bem vindo, João. Sinceramente, não conheço nenhuma igreja (ou comunidade ou grupo cristão) que cumpra todos esses requisitos. Mas, estando disposto a abdicar de dois ou três deles, já há alguma parecidas (não são baptistas, claro...)
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Oi, João.
Um dia tens que me contar em detalhe o que te turvou tanto no seminário.
Mas olha, vamos ignorar toda a heresia por trás dessas imposições e restrições todas que fazes à instituição da igreja cristã, e diz-nos: porquê?
A quem serve tanta antinomia naïve? Normalmente é para libertar os impulso pecaminatórios - di-lo a história.
Não é para a satisfação de Deus, decerto.
Bem, agora vou ali ler os Cânones de Dordt, o Catecismo Puritano e a Confissão Baptista de Londres.
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SOLI DEO GLORIA
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Nuno,
acho engraçado essa observação. O seminário é uma parcela menor quando comparada com o meu dia a dia com Deus e as reflexões e deduções de que daí nasceram. Cada um nasce para o que nasce. Uns, vivem nos livros. Outros, vivem para além deles. Se gostas que te digam o que fazer, é contigo. Eu gosto e agradeço, mas só quando faz sentido.
Aos outros,
obrigado a todos pela recepção.
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Caro João,
Sem dúvida que todos nascem iguais, mas cada um para que lhe é vocacionado.
Eu, sim, pertenço ao povo que tem que ser mandado e prefere obedecer para que sobreviva, e estou entre os que por completo dependem de Deus para sua subsistência:
'Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem' (João 10:26-17).
Sou fraco e os fortes do mundo odeiaM-me, porque não vivo além do Livro, como dizes. Sou um pedinte em carne e espírito, e só vivo da fé:
'Ora, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos. nem muitos os nobres que são chamados. Pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para confundir os sábios; e Deus escolheu as coisas fracas do mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas ignóbeis do mundo, e as desprezadas, e as que não são, para reduzir a nada as que são; para que nenhum mortal se glorie na presença de Deus' (I Coríntios 1:26-29)
Como vês, tens razão. Mas discordo nisto: não há maior arrogância do que um homem clamar ser naïve. Se a Palavra está certa, como eu sei que está, não existe um só gene humano inocente. A menos que te refiras a humildade. Nesse caso, sim, mas não a há sem admitir a nossa primazia individual no pecador entre os pecadores, e assumir o nosso profundo temor de Deus e tremor da salvação.
§
SOLI DEO GLORIA MISERERE ME
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Huuum… eu acrescentaria, na última frase, "e desespero" ao "com alegria", porque as "dúvidas" e a revolta de certos dias e noites é também momento da caminhada e aprofundamento, e nesse sentido cabem na partilha, na celebração, na comunhão.
E deixo uma pergunta: o "crer-se cristão" não implica já dogmas implícitos, quero dizer princípios de crença, confiança, esperança etc que não são da ordem do demonstrável?
Isto sem deixar de aperceber que há um abuso dogmático na institucionalização societal das igrejas, claro, para uma manietação da consciência alheia que nada tem que ver nem com celebração nem com comunhão, mas com tranquilização puritana da própria consciência, grupo social, instituição, etc
abraço
PS: "puritano" aqui no sentido técnico de "pretender-se sem mistura".