quinta-feira, abril 17, 2008
Por detrás do Outro está Deus
Se não respondo por mim, quem responderá por mim?
Mas se só respondo por mim, serei ainda eu?
A identidade faz-se na dimensão da presença, mas simultâneamente numa referencia a Outro - que me espera e conta comigo - sem a qual não há efectiva presença, não há identidade.

Amarás o Senhor teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente; tal é o maior e primeiro mandamento.
O segundo é semelhante a este: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
A estes dois mandamentos está ligada toda a Lei, bem como os Profetas.
(Mt 22, 37-40)

cbs

posted by @ 11:57 da tarde  
18 Comments:
  • At 18 de abril de 2008 às 17:55, Anonymous Anónimo said…

    Sabes, parece-me que foi por causa disso, de a identidade só fazer sentido perante a existência (escandalosa) do outro, que Deus se apresenta sem nome a Moisés. "Eu sou o que sou" ou, não tendo nome, "eu não dependo de ti para existir".
    Concordas?

    1 abraço

     
  • At 19 de abril de 2008 às 01:01, Blogger cbs said…

    À partida concordo João
    Confesso-te, no entanto, duas coisas; colocas-te um bocado à rasca, para não me espalhar e à conta disso, levaste-me também a leituras, entre as quais o habitual catecismo da igreja católica:)

    Daquilo que disse no post - e para onde queria ir nos anteriores – estou relativamente seguro, como penso que provo ao referir o segundo mandamento de Cristo: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. É um ponto de concordância entre a antropologia e o cristianismo, e o artigo do prof. Carmo Ferreira leva mais longe a coincidência, ao afirmar que a nossa identidade depende da nossa capacidade de sermos responsáveis, e que isso é no fundo a compaixão. Até aqui, acho que se pode confiar em mim, lol

    Mas o que levantas é outra questão, e sinceramente, é uma zona misteriosa para mim… passo a explicar (e que me perdoem se me espalhar):

    1.“Eu Sou o que Sou” claramente revela auto-suficiência, ou seja, não precisar de nada para existir. Mas se é como que a recusa de um nome – de uma identificação humana – em simultâneo é a revelação de um aceite “… será este o meu nome para sempre” (Ex 3, 15). Deus revela-nos o Seu amor, aceitando um nome, aceitando uma relação com o humano. É ambivalente… e misterioso.

    2.Depois há a questão da Trindade; aqui julgo que, como não me parece explicitado na Bíblia, os cristãos evangélicos não acompanharão os católicos. Será assim? Fico curioso…
    Mas eu sou católico e não só aceito, como me parece essencial a “unidade trinitária”. João diz “Deus é Amor” (Jo 4, 8; 16) e essa é a chave, que me leva à Trindade misteriosa. O Amor, todo o amor é entrega mútua. Supõe por isso, mais que uma pessoa. Supõe também alteridade, Eu e Tu e Nós. Se Deus é Amor, parece-me necessário que na sua unidade seja possível a relação.

    3.Para acabar, parece-me que Deus, não precisando do Humano para nada, criou-o à Sua imagem – daí que o processo de “ser”, implique “identidade”, o que implica “responsabilidade”, isto é “compaixão”, isto é Amor – e ofereceu-lhe o Seu Amor; Significará isto que Deus quer “precisar” de nós:
    Significará isto, também, que só aceitando o Seu Amor se pode ser livre.
    Porque foi recusando-O que perdemos liberdade original, com que Ele nos criou; “salvar” significará no fundo (etimologicamente também) “restituir à liberdade”… parece-me.

    Tudo isto é movediço, para mim que sei muito pouco… tudo isto é um mistério. Tento entender, mas a minha única “certeza” é o Credo.

    forte abraço, João

     
  • At 19 de abril de 2008 às 13:14, Blogger cbs said…

    errata: "colocas-te-me um bocado à rasca"
    não há maneira de eu aprender a escrever :)

     
  • At 19 de abril de 2008 às 14:40, Blogger Nuno Fonseca said…

    Saudações, CBS.

    Andas numa sucessão de posts felizes, e este parece uma culminação triunfante, em que sublinhas que os essenciais do estudo antropológico sobre a identidade individual remeterão sempre para o Deus da Trindade, essa união no diverso, essa comunhão dentro da singularidade, que nós, também seres trinitários--sendo corpo, espírito e alma-- e como igreja--santos de toda a língua, casta e tribo, unificados sob o Espírito Santo--celebramos, para a glória do 'EU SOU QUEM SOU', 'Ayah asher ayah'.

    Shekinnah.
    Shalom.

     
  • At 19 de abril de 2008 às 16:00, Anonymous Anónimo said…

    colocaste-me. Pretérito perfeito. Eu coloquei
    tu colocaste
    ele colocou,
    etc

    O reflexo é sempre substituído por " a mim mesmo" a ti próprio".

    Se assim, neste caso, dava o seguinte:

    tu colas a ti próprio (colas-te) e a mim mesmo: colocas-te-me


    Isto nunca faria sentir. Saber escrever é também saber pensar.

     
  • At 19 de abril de 2008 às 17:04, Blogger cbs said…

    Tens razão, admito o engano, mas:
    "tu colas (a ti próprio)" não será "tu colocas"?
    "Isto nunca faria sentir" não será "sentido"?

    Mais do que a língua, o teclado é traiçoeiro "prá caramba", lol
    E se ficarmos "pegando no pé" uns dos outros, por vícios de linguagem, ninguém escreve... nem com acordo ortográfico!

     
  • At 19 de abril de 2008 às 17:16, Blogger cbs said…

    Nuno
    "o Deus da Trindade(...) que nós, também (...) celebramos"
    queres portanto dizer que, os protestantes evangélicos aceitam a Santíssima Trindade.

    Tinha as minhas dúvidas, porque não me lembro de estar muito explícito na Biblia, e porque creio ser um dogma estabelecido em 325 no Concílio de Niceia. Mas ainda bem que estamos juntos.

    um abraço em Cristo

     
  • At 19 de abril de 2008 às 18:27, Anonymous Anónimo said…

    uma coisa são gralhas outra são erros.

    Se a acção aconteceu no passado- é tu colocaste- Nunca poderia ser tu colocas.

    E se a acção é reflexiva é porque foi dirigida ao próprio ou a outra.

    Se fosse dirigida ao próprio, no passado, era pretérito perfeito e tinha de se escrever: tu colocaste-te

    Se é dirigida a outrem tinha de ser tu colocaste-me (a mim próprio).

    É fácil de escrever correcto. Basta fazer a pergunta ao verbo antes do tracinho- è a mim próprio ou a ti próprio?

    Se funcionar está correcto. Neste caso a pergunta nunca funcionaria:

    colocas-te-me traduzia-se por isto.

    Tu colocas (agora) a ti próprio -(te), a mim próprio (me).

     
  • At 19 de abril de 2008 às 18:27, Anonymous Anónimo said…

    errata: a outrem em vez de "a outra".

     
  • At 19 de abril de 2008 às 19:54, Blogger cbs said…

    Caríssima
    se o termo "colocas" não tem sentido no pretérito, "colocas-te-me" ainda tem menos, pois como explicaste, não tem sentido, nem nunca se aplica.

    assim, essa distinção de erros e gralhas que fazes, parece-me um bocado forçada, porque sugeres que um caso foi engano de não saber (erro) enquanto o outro (gralha), foi mera distracção, acontece.

    A isso chama-se presunção... que bem se pode aplicar para os dois lados ;)
    mas por mim, fica à vontade, assumo o erro e a má articulação.

     
  • At 19 de abril de 2008 às 21:50, Anonymous Anónimo said…

    Mas o que é que não se percebe?

    Não se sabe conjugar o presente do indicativo e pretérito perfeito do verbo colocar?


    Não se sabe o que são pronomes reflexos e que estes é que são separados por um traço do verbo e não é o verbo que fica partido ao meio?

    Se é isso não há nada a fazer.


    Pois então escreva assim e ensine assim que lhe fica muito bem.

    Pretérito perfeito

    eu coloquei
    tu colocas
    ele colocou
    nós colocámos
    vós colocásteis
    eles colocaram

    a segunda pessoa do singular muda de tempo verbal se for reflexa?

    eu coloquei-me
    tu colocas-te-me a ti e a mim ?
    ele colocou-se

    É assim? com o erro a bold que não é erro?

     
  • At 19 de abril de 2008 às 21:55, Anonymous Anónimo said…

    Este é um erro trivial. Está generalizado, ao contrário das gralhas ou dos erros que se detectam.

    Muita gente não sabe escrever o pretérito perfeito de um verbo quando é reflexivo e por isso são comuns os erros onde aparece: disses-te-me; fizes-te-me; fizes-te; contas-te em vez de contaste; escreves-te em vez de escreveste, etc, etc.

    Se não se detectam e ainda se negam é porque estão entranhados e se faz luxo em escrever errado, considerando indelicadeza a correcção.

    Nada disto tem a ver com "acordos ortográficos. Foi feita a correcção porque foi v. que achou que estava a corrigir um erro acrescentando-lhe outro maior.

     
  • At 19 de abril de 2008 às 22:15, Blogger cbs said…

    tá bem, prontos! prontos!
    não te zangues :)

     
  • At 19 de abril de 2008 às 23:40, Blogger samuel said…

    Os verbos e a sua conjugação, são uma coisa muitíssimo importante!
    "No princípio, era o verbo..." (sei que li nalgum lado)

    Pergunto-me ainda, se em Israel, nos blogs de jovens estudiosos das escrituras, teologia e seus derivados, os bloguistas se despedem com "fórmulas" e citações em... português.
    Nã... era capaz de ser um bocado... falta-me um termo caridoso.

    Paz

     
  • At 20 de abril de 2008 às 11:57, Blogger Nuno Fonseca said…

    CBS,

    A doutrina da Trindade remete para séculos antes de Niceia, que nem se conciliou para discutir a trindade--que era já dado garantido desde os apóstolos--mas para desfazer a controvérsia 'homoousia vc homoiousia', que debatia a relação substancial entre o Pai e o Filho.

    Apesar da formulação do Credo Apostólico e do termo 'trindade' remontar aos Pais da Igreja, a realidade trinitária é explicitamente bíblica, e não só no Novo Testamento, em que se revelou em completude, mas também como o Tannakh hebreu anunciava.

    Peço-te que consultes este quadro para correspondência na Escritura:
    http://www.carm.org/Portugues/trinidad.htm

    O mito da trindade niceana vem do romance 'O Código de Da Vinci' e dos panfletos das Testemunhas de Jeová, ambos bem letrados na arte da ficção.

    §

    Ao corrector anónimo peço que cesse a inquisição ortográfica sobre o meu mano: ele reconheceu o erro, percebeu a norma. Obrigado.

    §

    Samuel,
    Apenas gosto do hebreu. Agrada-me a ideia que os patriarcas de Israel, os profetas e Jesus tenham-o falado. Além do mais sou zionista, e penso que se reverenciarmos a Escritura como obra médio-oriental que é, compreenderemos melhor o contexto primordial do texto, o que creio resultar num entendimento e aplicação mais fiel da Palavra na pós-modernidade.

    E porque é drede.

    Shalom.

     
  • At 20 de abril de 2008 às 14:38, Blogger samuel said…

    Nuno

    Não era preciso explicar... estava a brincar.

    Shalom, pois!

    E ainda, Shekinah, Ruach Elohim, Shavua Tov, L'Shanah Tovah, L'Chaim e (porque não?) Mazel Tov!
    Estes ficam para posts futuros. :)

     
  • At 20 de abril de 2008 às 15:01, Blogger Nuno Fonseca said…

    E Pita Shoarma?

     
  • At 20 de abril de 2008 às 19:17, Blogger cbs said…

    Obrigado Nuno
    interesante e util o quadro que referes.
    Mas quanto ao "mito da trindade niceana" vir do romance "Código de Da Vinci", não creio amigo.
    Há mesmo muito tempo que eu "sabia" (ou julgava) que era um dogma de Niceia (o do Credo). Não me apetece fazer buscas agora, mas devo ter razão. Que a ideia de unidade trinitária é anterior, sim, mas creio que foi dado como dogma nesse Concílio.

    Shalom, Shoarma, etc

    PS: e deixa lá aquilo da "anónima", é a paixão a falar alto, lol

     
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