sexta-feira, maio 18, 2007
Do relativismo e da verdadeira limitação
Era minha intenção escrever sobre o dogma da infabilidade papal, mas tenho-me demorado por me ter apercebido que para ilustrar convenientemente o assunto era preciso referir o papel da Tradição e do Magistério. Com o post abaixo, apercebi-me que ainda antes de me debruçar sobre a Tradição, é preciso falar de algo muito mais geral e que é posição filosófica e religiosa em voga nos dias que correm, que advogam como suas virtudes o que precisamente na prática negam inteiramente. É que não contém em si nenhuma virtude evangélica. Particularizando:

- Um postulado muito frequente é a afirmação de que como o mundo (ou Deus, o que seja) é muito complicado e inabarcável, a atitude daquele que busca conhecê-lo deve ser a de aceitar todas as mundividências que se lhe oferecem com igual valor de verdade. De facto, escolheríamos uma ou criaríamos até uma de raiz consoante as nossas preferências e passado emocional, chamando a isso "o nosso caminho de verdade", sendo que outros fariam o mesmo. Assim, embora tenhamos um caminho próprio, os outros têm o deles e a posição "tolerante" e "ilimitada" seria considerarmos todos os outros caminhos como contendo igual dose de verdade.

É absolutamente retorcida tal perspectiva, e por detrás de uma suposta tolerância esconde os piores dos vícios. Nunca a verdadeira humildade perante a nossa ignorância face ao conhecimento do mundo levou à "tolerância" face às nossas construções arbitrárias e às construções arbitrárias do mundo. É precisamente o contrário. O "só sei que nada sei" socrático leva-o em primeiro lugar a duvidar de si mesmo e em segundo lugar a duvidar de todos os enunciados que lhe são propostos por todos aqueles que o interpelam. E essa dúvida e diálogo surge com critérios definidos (a lógica no caso clássico) numa busca mútua da verdade, na qual por vezes é Sócrates que recua nos seus postulados, por outras vezes são os seus opositores. Mas há confronto, há discussão e não é tudo igual ao litro. É que por detrás da ideia muito bonita de "respeitar a ideia do outro, achando que está bem como quer que esteja" escondem-se dois vícios insidiosos (outros poderiam ser apontados mas assim nunca mais terminava):

- Uma enorme arrogância. Pois o que supostamente é "respeitar a ideia do outro" é nem sequer verdadeiramente querer entrar dentro dela. Pois se quisermos verdadeiramente compreender o outro, se queremos ver o mundo através dos olhos do outro, temos que explorar as ideias dele e manifestarmos aquilo que nos parece ser contraditório, que faz com que, com muita pena nossa (e muitas vezes é assim, porque a pessoa até nos pode ser querida a um nível pessoal) rejeitar tal afirmação. Muitas vezes é preciso entrarmos longamente no seu pensamento sem que à partida encontremos nada de contraditório, é preciso estar disposto a "pairar um pouco no vazio" enquanto nos adensamos em terreno desconhecido. É preciso deixar o nosso mundo, ainda que temporariamente, em suspenso. Por outro lado, só neste exercício é que poderemos eventualmente vir a assumir qualquer coisa da visão do outro, assumir verdadeiramente, intrínseca e interiormente, aderir a uma ideia, quando nos virmos confrontados com critérios que nos parecem lógicos e com a própria insuficiência das nossas ideias. Esse exercício mútuo é edificante, é o único exercício verdadeiramente edificante, e para isso é preciso dispôrmos de tempo e muita paciência para entrarmos dentro de um universo que nos é estranho. A caridade aí manifesta-se na nossa disponibilidade em entrar dentro desse mundo e em querer zelosamente aperfeiçoá-lo segundo o que nos parecem ser os critérios correctos (e em aperfeiçoar-mo-nos a nós próprios através dele). Pôr-mo-nos de fora, postularmos preguiçosamente apenas que é muito bonito é o sumo egoísmo, e é sobretudo querermos proteger a nossa própria visão medíocre da realidade (porque a é sempre). É que só se afirmarmos que tudo é igual ao litro é que nos podemos manter exactamente na mesma, satisfeitos com a nossa visão primitiva. A suposta "tolerância" para com os outros é na verdade apenas tolerância para connosco mesmos, é assumirmos que estamos confortáveis com a nossa mediocridade, é no fundo dizermos que não somos medíocres.

- Uma enorme limitação. Existe a ideia de que se apontamos a existência de uma única Verdade ou da supremacia de uma perspectiva sobre outra, estamos a limitar a realidade. Nada mais falso. É o contrário que é verdadeiro. Pois se nos dispersamos no múltiplo, se tudo são "perspectivas sobre a realidade", inclusivé a nossa, então nada edificamos. Todo o reportório do saber humano actual deve-se precisamente à humildade daqueles homens e mulheres que foram na esteira dos que os antecederam, que escrutinaram o pensamento dos que os antecederam e que construíram sobre ele. É essa a história da ciência, e é essa em parte a história da filosofia. Achar que o outro vale o suficiente para que eu me adense no seu pensamento e construa sobre ele, isso é que é verdadeiramente respeitar o outro! Todo o saber humano actual resulta desse confronto com uma tradição de pensamento, quer seja filosófica, científica ou teológica, desse questionar simples e humilde em busca da Verdade, mas reconhecendo todo o património edificado. É que o que nós pensamos e sentimos, já muitos outros pensaram e sentiram antes de nós. Se nos ficarmos pelo "movimento do Espírito" dentro de nós, supostamente do Espírito, não saímos dos postulados mais básicos que já 4000 anos antes de nós haviam sido descobertos. É aí que ficamos limitados, porque ficamos limitados à nossa própria experiência. A humanidade não evoluiu a ter que inventar a roda em cada geração. A verdadeira humildade não consiste em ficarmo-nos pela nossa mediocridade, mas em dedicar uma vida a conhecer e analisar o que outros já deixaram, mesmo que no final da nossa vida não tenhamos acrescentado uma única palavra. Para acrescentar algo, isso é dado a poucos, e pelo Espírito sim, mas na flor da maturidade, na qual todo o património que está para trás de nós amadureceu dentro de nós. Não há outra via para o conhecimento. Não há outra via para a Verdade. É difícil pois claro, mas só o difícil interessa.

Antonius Block
posted by @ 4:20 da tarde  
38 Comments:
  • At 18 de maio de 2007 às 18:35, Blogger David Cameira said…

    Este comentário foi removido pelo autor.

     
  • At 18 de maio de 2007 às 18:37, Blogger David Cameira said…

    Antónius,

    EXCELENTE POST ( ainda mais para um católico, lol )

    Assim provas-te definitivamente ( e no auristo ) que não podes ser o anticristo

    Fiquei contente, assim como qd leio certas coisas do Papa Bento XVI ( se a coisa assim continua o papa " romano católico " ainda destrona alguns escritores protestantes )

    ABRAÇO EM CRISTO

     
  • At 18 de maio de 2007 às 18:45, Blogger maria said…

    tudo muitíssimo lindo. Mas tem que funcionar nos dois sentidos.

    Pois não se inventaram mais rodas. Mas inventaram-se os pneus, os motores, a caixa de velocidades, os travões etc. Se ficarmos todos a olhar para a roda porque é muito bom, ainda acabamos todos a andar à volta da nora. Não será?

    Se a Tradição vale mais do que o Espírito Santo...fiquemos a olhar para a roda.

     
  • At 18 de maio de 2007 às 18:46, Blogger maria said…

    Atenção que eu não quero dizer que o Espírito Santo não esteja na Tradição...não O esgota. Só isso!

     
  • At 18 de maio de 2007 às 19:02, Blogger Luís Sá said…

    Caro MC,

    Tens toda a razão. Inventaram-se mais os pneus e os motores. É a Tradição que contém tudo isso. É a Tradição que contém em si a capacidade de aprofundar a Revelação, dando a conhecer toda a sua beleza. É o protestantismo que rejeita tudo isso!

    MC nunca ninguém disse que o Espírito Santo estava contido na Tradição. Mas precisamente a Tradição não está contida por nada senão pelo Espírito Santo e portanto é sua íntrinseca capacidade observar as formas em que o Espírito se manifesta, e dar-lhes expressão actualizada e balizada pelo Evangelho.

    Espero que não tenha ficado muito hermético :x

    Um abraço, em Cristo

     
  • At 18 de maio de 2007 às 19:04, Blogger Luís Sá said…

    Perdão, leia-se "cara MC" no post anterior. Ainda não tinha visto o teu profile.

    Em Cristo,

     
  • At 18 de maio de 2007 às 19:24, Blogger maria said…

    sou gaja, exacto!

    a tua analogia da roda veio a matar. É que, enquanto tu te concentras na roda, eu concentro-me no que a faz mover.

    Eu sei que tenho metade das costelas protestantes, por isso, não rejeito a Tradição, mas não lhe dou a relevância que dás.

    E quem valida a Tradição? Eu sei a resposta que me vais dar. E qual é o valor da sucessão apostólica? Quando existiram três papas, qual era o verdadeiro?

     
  • At 18 de maio de 2007 às 19:38, Blogger Luís Sá said…

    Todos o eram. Só um papa se pode destituir a si próprio desse ofício. Destituíram-se os 3 e foi eleito um novo como sabes. O que é admirável aí é não ter havido quaisquer diferenças doutrinais e ter sido regenerada a ferida. Como o Pai faz com os seus filhos. A sucessão apostólica é feita dessas incongruências também. Mas só assim seria uma sucessão humana, e só sendo humana é que Deus se poderia manifestar através dela. Não é aí que poderia haver uma contradição.

    Admirável é a Igreja nunca ter voltado dogmaticamente atrás, ou seja, nos conteúdos que afirmou como indispensáveis à revelação. É aí e só aí que se revela a sua infabilidade. Em tudo o resto é humana.

    Engraçado que fui fortemente criticado há uns tempos por ter dito que me parecia que na minha opinião, ou daquilo que eu conhecia e sabia do budismo, que o Papa tinha descrito de uma forma demasiadamente simplista a essência daquela religião num documento que tinha escrito e que analisávamos. O padre fez logo questão de me dizer que tinha que aceitar tal afirmação, por ser o Papa a dizê-la. A incompreensão do dogma também dá para este lado... (não digo que não o compreendas, digo-o em geral).

    Em Cristo,

     
  • At 18 de maio de 2007 às 22:27, Blogger David Cameira said…

    Antonius,

    " É o protestantismo que rejeita tudo isso!"
    Não vás por ai pq o protestantismo ( com muita honra , já agora ) não rejeitou a TRADIÇÃO APOSTÓLICA mas apenasa escolástica
    Esta sim é q pos Aristóteles e toda a filosofia helenistica no lugar de CRISTO JESUS

    DEUS te abençoe

     
  • At 18 de maio de 2007 às 23:10, Blogger zazie said…

    Este comentário foi removido pelo autor.

     
  • At 18 de maio de 2007 às 23:12, Blogger zazie said…

    "É que por detrás da ideia muito bonita de "respeitar a ideia do outro, achando que está bem como quer que esteja" escondem-se dois vícios insidiosos: arrogância (e) Uma enorme limitação.

    A suposta "tolerância" para com os outros é na verdade apenas tolerância para connosco mesmos, é assumirmos que estamos confortáveis com a nossa mediocridade, é no fundo dizermos que não somos medíocres)

    Pois se nos dispersamos no múltiplo, se tudo são "perspectivas sobre a realidade", inclusivé a nossa, então nada edificamos."
    "


    Que brilhante manifesto contra o relativismo. Parabéns

     
  • At 19 de maio de 2007 às 00:35, Blogger cbs said…

    Relativismo e Conhecimento

    Antonius, vivemos épocas de mitos, o Liberalismo (em queda), o Nacionalismo (em desgraça), e outros entre os quais o Relativismo que tem público repartido, uns adoram relativizar tudo, outros negam-no absolutamente.
    Francamente acho escusado alinhar nas histerias colectivas, prefiro distância. O relativismo só ganha valor quando aplicado, pois essa palavra, é apenas uma designação que abarca vários conceitos; a relatividade em Física, por exemplo, é um dado adquirido, como referes é absolutamente (quase... falta afiná-lo com os Quanta, não e´?) adquirido.
    Mas a Ciência é também um conhecer relativo.
    Kant disse isso, que a realidade é impossível de conhecer, de onde o seu conhecimento nunca será absoluto, total, mas sim relativo. A Ciência tem valor acrescentado, evidentemente, mas nunca total.
    É nesse sentido que falei em relatividade.

    No entanto o meu “amigo do saber”, Bergson deu-lhe a volta, criticando o relativismo kantiano.
    Segundo ele o Absoluto (no sentido de realidade do “objecto em si mesmo”) está ao nosso alcance.
    As categorias do intelecto, os quadros mentais, não são mais que instrumentos cómodos inventados pela racionalidade humana em função das necessidades do agir.
    A Ciência deriva da necessidade do ser inteligente se manter em contacto com a matéria para a poder transformar.
    Não negamos o valor da Ciência, mas não é por ela que chegaremos ao fundo das coisas.
    É a Filosofia apoiada na intuição, o conhecer directo da evidencia, que permite chegar ao conhecimento do Absoluto; a Filosofia e a Religião que ele denomina Mística.

    Mas Bergson também refuta a Filosofia clássica, que dizes acrescentar saber ao saber. Não o nego em parte, mas mais uma vez esse saber (da Metafísica clássica) é relativo; a construção de complexos sistemas filosóficos, como Kant, Hegel ou Spinoza, aparentando uma arquitectura rigorosa e completa, causou sempre uma impressão de verdade absoluta. Mas são construções abstractas que ficam longe da realidade que tentam abarcar, por isso sendo tão contraditórias entre si. Perdem-se nas torres dos filósofos e perdem o chão firme da experiência. A partir do Existencialismo, a Filosofia tornou-se muito pouco absolutista, é um conhecimento incompleto que erra e mas avança. Parte disso deveu-se ás ideias de Bergson penso eu.

     
  • At 19 de maio de 2007 às 00:55, Blogger Luís Sá said…

    Caro cbs,

    Não estamos em contradição. Não tive foi talvez a oportunidade de expôr com todas as nuances. Mas aqui vai:

    - relatividade e ciência e relativismo como conceito filosófico são duas palavras que não têm rigorosamente nada a ver uma com a outra. A relatividade em física vem desde o tempo do Galileu com o movimento relativo dos corpos, passa por Einstein que basicamente entra em conta com o tempo nos referienciais utilizados. A relatividade em Física sem o significado muito concreto da descrição do movimento visto através de determinado observador. A relatividade não é um conceito da mecânica quântica. A mecânica quântica não é é determinística, mas isso é outra história. Let's not get into that.

    - cbs que ninguém tem a chave do conhecimento universal, isso é um dado adquirido. Que conhecemos baseados nas nossas referências, também. Nessa medida, o nosso conhecimento é relativo. O problema é que é relativo a nós mesmos, e não temos nenhum referencial externo. Ou seja, somos humanos e é como humanos que pensamos. É como humanos que temos que buscar o conhecimento, edificando com os melhores critérios que conhecemos. Dizer que o nosso conhecimento é relativo embora sendo verdadeiro, só por si não significa absolutamente nada. Enquanto espécie, é isto que temos e é com isto que lutamos. O facto da nossa capacidade de apreensão ser relativa a nós mesmos enquanto espécie em nada tem como corolário que então tudo o que dizemos é equivalente. È um silogismo completamente falso. Além disso, como crentes, Deus deu-nos a certeza que nos fez para O conhecermos e conhecermos a Sua criação. É com isso que contamos e é só com isso que podemos contar. A alternativa é a preguiça sem critério e o não avançar. É perder a fé no Homem, é perder completamente o humanismo. Prefiro o humanismo laico e revolucionário da revolução francesa a isso.

    - Também não me cingi à Filosofia Clássica. Disse a filosofia e a ciência em geral. Não defendi um paradigma construtivo simples, de edificação pura e dura sobre o já pré-existente. Muitas vezes é preciso deitar algumas coisas a baixo, e reformular outras. Isso é um problema epistemológico, mas não põe em causa o essencial. Que quer seja para edificar simplesmente por cima, quer seja por mudança de paradigma, é sempre necessária a continuidade histórica e o profundo conhecimento do que está para trás. Foi nesse sentido que quis dizer que se edifica sempre por cima. É preciso conhecer tudo o que foi anteriormente feito para poder dizer que basicamente grande parte está mal. Mais uma vez, isso nada tem que ver com relativismo.

     
  • At 19 de maio de 2007 às 00:59, Blogger cbs said…

    "respeitar a ideia do outro, achando que está bem como quer que esteja"
    Antonius, tive tempo para aquela do relativismo, mas há aqui muito mais, como a questão das Mundividencias.
    Eu não me considero isto ou aquilo, estou-me nas tintas para nomes, mas parece-me que discordamos frontalmente e serei para ti um relativista. Há uma aplicação do conceito no dominio da Antropologia e aí a questão da verdade é mais que traiçoeira.

    Mas em termos filosóficos e religiosos não sou relatitvista, creio na Verdade Absoluta do Pai.
    Agora, depois saiem-me coisas que me condenam: ainda há tempos disse, para horror do Carlos Cunha, que acho provável a existencia de outras Humanidades, noutros planetas onde apareceriam outors Cristos. Mais precisamente, outras encarnações do mesmo Deus Pai. É complicado dizer isto, mas de forma alguma considero que, á semelhança do povo de Israel, sejamos os únicos, os escolhidos.
    Heresia? blasfémia? ou será melhor esquecer o assunto até que lá se chegue?...

    Mas parece-me que inverteste o ónus da arrogancia

     
  • At 19 de maio de 2007 às 01:03, Blogger Luís Sá said…

    cbs,

    Não acho que sejas um relativista. Acho que tu achas que és um relativista. Mas não és :P

    Um abraço, em Cristo

     
  • At 19 de maio de 2007 às 01:06, Blogger Luís Sá said…

    mais uma vez, o que referiste foi a nossa incapacidade de conhecer o que está para além de nós. Não achar que poderá haver outras espécies noutros planetas não tem nada de relativista. Repito, relativista é achar que vale tudo o mesmo. A tua afirmação tem alguma probabilidade. Se eu adiro ao postulado de que não existe vida fora da Terra, adiro a ele pela Fé. Se tu não aderes, então quanto muito poderás estar em falta nesse domínio (em termos daquilo que é a fé católica). Mas nesse domínio. Não faz de ti um relativista...

     
  • At 19 de maio de 2007 às 01:08, Blogger cbs said…

    OK Antonius ok
    Desculpa, porque me precipitei. é que já estou habituado (mal) ás generalizações e abstracções que não dizem nada.
    Concordamos sim.

    E desculpa a da Antropologia, que talvez toque mais perto do que referias, e onde além de ter idaies menos estruturadas, admito erros da minha parte. Teria que ler-te melhor e ir consultar os meus sábios, para sair algo de jeito.

    Mas te garanto que a minha noção do Outro é numa realção de humildade e não de arrogancia (lá limitada, embrulho :)

    Aliás a questão do outro, permite-me defender o Nacionalismo, não o que exclui, mas o que abraça o outro mantendo a diferença. Esse é apagado em todo o lado e só se lmebram das guerras. mas nós somos o outro na medida das nossas diferenças. matar o outro é matar-me a mim.
    há-de haver mais... um abraço em Cristo ;)

     
  • At 19 de maio de 2007 às 01:10, Blogger zazie said…

    Fala-se em relativismo e ninguém sabe o que significa.

    Na Ciência a teoria da relatividade não implica qualquer relativização da verdade. A verdade será só uma, a questão científica que se coloca são as aproximações a ela e o critério de verdade.

    Eticamente a fragilidade dos costumes não implica um posição a-moral para se ir atrás deles. Pode-se manter a crença, de igual modo, num Bem que não depende dos votos nem das alterações sociais porque lhes é inerente.

    Religiosamente passa-se o mesmo. A verdade não é produto da arrogância do indivualismo dos nossos tempos nem as Civilizações e saberes se fizeram à escala do umbigo ou da vida de cada um.

    Relativismo é um oportunismo de incapacidade de compromisso da própria pessoa naquilo em que se envolve.

    É uma variante da auto-indulgéncia com muito mais de arrogância que de suposta tolerância.

     
  • At 19 de maio de 2007 às 01:12, Blogger Luís Sá said…

    epah tenho os meus comentários cheios de erros "tipográficos".

    Espero que se perceba (especialmente o 1º de resposta a ti cbs)

     
  • At 19 de maio de 2007 às 01:13, Blogger Luís Sá said…

    zazie,

    É isso mesmo!

    Um abraço, em Cristo

     
  • At 19 de maio de 2007 às 01:14, Blogger zazie said…

    o cbs não sei como é que leu Kant mas Kant nunca foi um relativista.

    O cbs confundo progresso e evolução com verdade e erro. O relativismo é uma posição que pura e simplesmente acha que tudo e o seu contrário se podem equivaler porque nega a possibilidade de verdade. Mas nega-a à custa de um erro que deriva da dificuldade de aferição da mesma. O facto de termos múltiplas teorias acerca da realidade não implica que a verificação experimental seja negada e que tudo se torne subjecivo. A ser assim, então os científicos estavam era a cair num solipsismo.

    O relativismo é pós moderno porque vive do pastiche. Porque é produto dos media e da egoísmo e individualismo ou das pseudo-verdades aferidas por sound byte.

     
  • At 19 de maio de 2007 às 01:15, Blogger zazie said…

    Que bom entendermo-nos, Antonius. Ando há décadas na blogosfera e cada vez é mais difícil encontrar alguém que não seja relativista e saiba pensar

    ":O))

     
  • At 19 de maio de 2007 às 01:17, Blogger zazie said…

    mas olha que o tema do relativismo é tão importante. É o grande dogma da moda. E tem uma ligação perversa com a moção de valores ocidentais e progresso que não te digo nada.
    ´
    Estamos novamente a viver tempos à Napoleão. Acham que já atingimos o cume do progresso civilizacional e agora relativizam-no por voto e por capricho de cada um.

    ":O)))

     
  • At 19 de maio de 2007 às 01:18, Blogger zazie said…

    Mais estranha é a versão da Nini que acha que não atingimos o cume do progresso civilizacional mas aposta no relativismo regenerador. Ideia ainda mais perversa e perigosa.

     
  • At 19 de maio de 2007 às 01:25, Blogger zazie said…

    o cbs não sabe o que é mas tem medo de ter qualquer posição ética sobre o que quer que seja porque não gosta de desagradar a ninguém.E porque ele próprio também muda conforme sopra o vento

    ahahahahaha

    Tem a fezada na ciência porque a confunde com a descoberta da penicilina e a fezada no Outro deste que não seja o islâmico do armagedão. O outro é o mesmo: é o que está mais próximo dessa tal magnífica sociedade ocidental dos valores relativos (leia-se da falta deles).
    Este relativismo tem servido às mil maravilhas para se achar que os valores de uma socieade podem e devem votar por voto democrático desde que o tema seja um capricho pós moderno. Foi por isso que conseguiram defender o aborto e hão-de capitular em toda a cartilha polticamente correcta vendida com o dogma da superioridade do critério da Razão e da Ciência.
    Descartes está vivo. O resto é internacionalismo e exportação do mesmo.

     
  • At 19 de maio de 2007 às 01:27, Blogger zazie said…

    podem e devem mudar.

    O relativismo não gosta da lei natural. É, por natureza, adepto do jacobinismo. São os Creontes dos nossos dias. Faltam-nos as Electras.

     
  • At 19 de maio de 2007 às 01:29, Blogger Luís Sá said…

    zazie,

    "mas olha que o tema do relativismo é tão importante. É o grande dogma da moda."

    Concordo contigo e também por isso é que concordo com o Tiago. A Nini é uma boa contratação para o blog. Era preciso que essa visão tão dessiminada tivesse expressão aqui (com todo o respeito pela individualidade da autora).

     
  • At 19 de maio de 2007 às 01:38, Blogger zazie said…

    Eu ainda não percebi a visão da nini porque nunca tinha ouvido falar nisto- do liberalismo teológico. Nem sei filosoficamente com o que é que poderá ter afinidade.

    É uma atomização da decadência para dela nascer o super-homem?

    ehehe
    Estou a brincar. Mas não percebo como é que se pode fundamentar qualquer Esperança na assunção da decadência colectiva regenerada à escala da vida de cada um.

    Seria o caos absoluto. Seria a legitimização da não-civilização e da distopia.

     
  • At 19 de maio de 2007 às 01:40, Blogger zazie said…

    Percebi o post do Tiago e também o achei inteligente ao colocar no mesmo curso relativo o próprio liberalismo teológico. É claro que é a única consequência que se pode retirar de permissas tão micro-disseminadas.

     
  • At 19 de maio de 2007 às 01:43, Blogger zazie said…

    Já agora, tu foste uma excelente contratação para o blogue. Tanto mais que o José só aparece em quando há ameaça de Dilúvio armagedónico e o Tim perde-se lá na estratosfera e depois diz que teve a indicação divina para nos perdoar.
    ":O)))

    O Tim é um bacano. Ele nem precisa de julgar um micróbio terreno: ele perdoa, lá de cima, a humanidade inteira

    ahahahahah

     
  • At 19 de maio de 2007 às 13:25, Blogger maria said…

    António,

    ainda queria acrescentar mais umas coisas ao que me respondeste, mas vai ter que ficar para depois.

    Mas, para já, recolho esta frase muito empolgada tua, e sem entrar em defesa da Nini que não conheço nem às sua ideias na totalidade...mas com esta frase ilustras o primeiro comentário que te dirijo. Nem pões hipótese de aprenderes algo com as reflexões da Nini. Ela apenas serve no blogue para ilustrar as ideias que concebeste em relação a um tal "relativismo" que ninguém sabe muito bem o que é, mas uns acham que sim, outros que não...


    Dizes:
    "Concordo contigo e também por isso é que concordo com o Tiago. A Nini é uma boa contratação para o blog. Era preciso que essa visão tão dessiminada tivesse expressão aqui (com todo o respeito pela individualidade da autora)."

    Sei que é muito comum procurarmos a nossa "tribo" e só nos sentirmos seguros no quentinho que ela nos proporciona...mas não vejo que isso ajude no nosso crescimento.

    Depois, pôr em questão não é relativizar. Pelo menos é a minha concepção das coisas.

    Se é dognma da moda relativizar...Também é dogma ir cegamente contra os que achamos que nas nossas concepções estão a relativizar. E aqui também cabia a parábola das pedras..."quem acha que...atire a primeira"

    Porque puro, só Deus. Para mim isto é uma verdade absoluta. Nas contigências da minha precaridade humana.

    Abraço

     
  • At 19 de maio de 2007 às 13:32, Blogger maria said…

    ainda só mais uma coisinha: :)

    os rótulos valem o que valem. Eu não é porque me colam o de relativista (nem que seja o Papa a fazê-lo) que eu assino por baixo. Por isso as inquisições, que alegremente vamos alimentando. Em nome da obediência e da humildade. Palavras muito lindas e de que gosto muito. Gosto mais de as aplicar a mim do que enviá-las para outros.

     
  • At 19 de maio de 2007 às 14:37, Blogger Luís Sá said…

    Cara MC,

    Tens razão.

    Resta-me sublinhar duas coisas: O post extravasou totalmente alguma questão pessoal que pudesse haver (e não há de todo) com a Nini. Os vícios que identifiquei são os que considero haver na corrente em si. São os meus vícios também. Mas não é por os ter que deixarei de os identificar. Isso é que é muito bonito mas é mais uma atitude de cobardia. Só se expusermos as contradições dos outros é que também podemos ser expostos às nossas próprias. Essa sentença de "ver em mim própria em vez de nos outros", concordando inteiramente com ela, é muito bonita mas tem o reverso que é salvaguardares-te de críticas de terceiros (porque tu própria já vês os teus defeitos portanto quem te criticar está a bater no ceguinho). Opta-se pela mediocridade de dizer de assertivo sobre os outros com medo de sermos feridos na nossa suposta "humildade". Eu não sou humilde, sei que não sou. Mas sei que a humildade é construída deparando-nos com as nossas insuficiências, não fugindo delas com artifícios fáceis e pseudo-humildes.

    São as ideias que importa discutir. Quando quiseres discutir ideias, vamos a isso. Enquanto estivermos nas condutas mais ou menos humildes sem discutir qualquer ideia, é precisamente o tipo de dinâmica relativista que dispenso totalmente.

    Em Cristo,

     
  • At 19 de maio de 2007 às 14:38, Blogger Luís Sá said…

    errata: de nada dizer de assertivo

     
  • At 19 de maio de 2007 às 14:53, Blogger Luís Sá said…

    Resta-me dizer, quanto ao que escreveste:

    pôr em questão não é relativizar - e eu disse que era? Tal como o cbs há bocado estás a confundir relativismo com pluralismo de pensamento. Relativismo é achar que vale tudo o mesmo. Pluralismo é haver várias opiniões e posições e confronto entre as mesmas. Se eu não fosse a favor do pluralismo não estava aqui.

    Quando à atitude paternalista de "procura de tribo" ainda mais seguro é sermos supostos "livre-pensadores", não nos confrontando com nada e julgando-nos por isso muito livres.

     
  • At 19 de maio de 2007 às 15:06, Blogger Luís Sá said…

    Para esclarecer de uma vez por todas o que NÃO é o relativismo:

    - Ser crítico de qualquer posição da Igreja não é ser relativista.

    - Ser protestante não é ser relativista.

    - Ser ateu não é ser relativista.

    - Acreditar em ETs não é ser relativista.

    O relativismo nada tem que ver com as convicções pessoais de cada um per se. É uma mecânica de funcionamento.

     
  • At 19 de maio de 2007 às 15:11, Blogger zazie said…

    Como também não me interressa qualquer tipo fulanização (excepto a que se faz naturalmente pelo facto de algumas pessoas já se conhecerem há anos na blogosfera)só gostava de saber qual é a expressão social desta "corrente" do protestantismo liberal cá na terra.

    Ainda não percebi se tem algum sustentáculo teórico-filosófico ou em que é que se inspira.

    Percebendo isto seria mais fácil debater as suas ideias, sem parecer que se está "contra" quem quer que seja. E tinha a vantagem de se utilizarem os conceitos de forma correcta, saindo do senso comum

     
  • At 23 de maio de 2007 às 15:59, Blogger mulheres_estejam_caladas said…

    uau! As coisas que foram lidas no meu "post" completamente impressionista depreendo, já que eu próprio como autora não tinha percebido do conteúdo tão rico...

    sobre a minha contratação... espero que agora que terminou a época e começaram as transferências e negociações o Tiago tenha isso em conta.

    sinto-me muito respeitada. Aliás O meu tutor e a direção da minha igreja também acham muitas vezes as minhas ideias perversas e perigosas...

     
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